
A pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (6) expõe que metade dos brasileiros (50%) não votaria em nenhum candidato indicado por Jair Bolsonaro, que está preso e inelegível por decisão do Supremo Tribunal Federal. Apenas 26% dos entrevistados dizem que votariam com certeza em um nome apoiado por ele, enquanto 21% afirmam que talvez o fizessem. Outros 3% não souberam responder. O dado indica queda significativa na capacidade de transferência de votos do ex-presidente, um dos pilares da força política da direita.
A rejeição recorde se destaca ainda mais quando analisados os nomes cotados para representar o grupo em 2026. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), recém-lançado pelo pai como pré-candidato ao Planalto, aparece como o menos desejado: apenas 8% acreditam que ele deveria ser o escolhido. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro lidera a preferência interna com 22%, seguida por Tarcísio de Freitas (20%), Ratinho Jr. (12%) e Eduardo Bolsonaro (9%). Nem mesmo esses nomes mais competitivos, porém, conseguem superar a barreira formada por metade da população que rejeita qualquer indicação de Bolsonaro.
Neste domingo (7), Flávio disse confiar que a direita sairá unida da disputa em 2026 e que a vitória começará por São Paulo, “com uma diferença maior de votos do que em 2022”. Além disso, disse que poderia desistir da presidência, por um preço a aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, medida que pode beneficiar seu pai.

O cenário para a direita se agrava quando comparado ao desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera todos os cenários testados para 2026. No confronto direto com Flávio, Lula venceria por 51% a 36%, vantagem de 15 pontos. Contra Tarcísio, o petista aparece com 47% a 42%, e enfrenta Michelle com 47% a 39%. Eduardo Bolsonaro tem apenas 35% diante de 52% de Lula. A diferença consistente reforça o enfraquecimento da direita bolsonarista no plano nacional, especialmente após a prisão do ex-presidente.
A pesquisa também mediu rejeição pessoal: Jair Bolsonaro lidera com 45%, seguido por Flávio (38%), Eduardo (37%) e Michelle (35%). Nomes fora do núcleo familiar, como Tarcísio, Ratinho Jr., Zema e Caiado, têm índices menores de rejeição, mas ainda insuficientes para ameaçar a dianteira de Lula. No primeiro turno, o petista mantém 41% em todos os cenários, enquanto Flávio e Eduardo aparecem com 18% cada, Michelle com 24% e Tarcísio com 23%. Nenhum candidato apoiado pela direita conseguiu romper a fragmentação e consolidar competitividade.
Realizado entre 2 e 4 de dezembro com 2.002 entrevistados em 113 municípios, o Datafolha tem margem de erro de dois pontos percentuais. O levantamento deixa claro que, além de buscar um nome viável, o bolsonarismo enfrenta um desafio maior: reverter a rejeição de 50% dos eleitores, que hoje descartam de antemão qualquer candidatura apadrinhada por Jair Bolsonaro – um obstáculo que, se persistir, pode comprometer toda a estratégia eleitoral da direita em 2026.