54% acham que Bolsonaro tentou fugir ao danificar tornozeleira, diz Datafolha

Atualizado em 8 de dezembro de 2025 às 6:28
Tornozeleira eletrônica e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

Pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo (7), mostra que 54% dos brasileiros acreditam que Jair Bolsonaro tentou fugir ao danificar sua tornozeleira eletrônica, enquanto 33% aceitam a versão de que o ex-presidente teve um “surto paranoico”. O levantamento, feito entre terça (2) e quinta (4) com 2.002 eleitores, indica que apenas 13% não souberam opinar sobre o episódio.

Segundo o instituto, a percepção de tentativa de fuga é majoritária entre os principais segmentos socioeconômicos, com destaque para os jovens de 16 a 24 anos (60%). Já entre os mais ricos, a explicação do surto encontra maior aceitação (40%).

No recorte político, o surto é mais aceito por grupos ligados ao bolsonarismo: 40% no Sul e no Norte/Centro-Oeste, 46% entre evangélicos e 66% dos eleitores de Bolsonaro em 2022. A hipótese de fuga predomina entre nordestinos (61%) e entre quem votou em Lula (66%).

O episódio da tornozeleira

Bolsonaro estava em prisão domiciliar em Brasília desde 4 de agosto, usando uma tornozeleira imposta por Alexandre de Moraes por descumprimento de medidas cautelares. Às 0h07 de 22 de novembro, a central da Secretaria de Administração Penitenciária detectou violação no equipamento. Ao telefone, a equipe ouviu que ele teria batido o dispositivo em uma escada, mas decidiu verificar pessoalmente.

No local, Bolsonaro mostrou a tornozeleira danificada com um ferro de solda “por curiosidade”. Moraes considerou a ação um risco de fuga, especialmente após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocar uma “vigília de orações” para aquele sábado em frente à casa do pai.

Para Moraes, a confusão poderia ser usada para retirar Bolsonaro da residência e levá-lo para “uma embaixada de país simpático” ao ex-presidente, como EUA, Argentina ou Hungria — onde, em 2024, ele dormiu duas noites de forma considerada suspeita.

Apoiadores inicialmente alegaram “repressão religiosa”, mas, com a divulgação das imagens da agente conferindo a tornozeleira, passaram a afirmar que Bolsonaro havia surtado. Ele sustentou essa versão na audiência de custódia, dizendo estar paranoico com a possibilidade de haver uma escuta no equipamento.

Seus advogados sugeriram que o comportamento poderia ter relação com medicamentos usados para outros problemas de saúde, mas médicos veem a hipótese como improvável.

Após a audiência, Bolsonaro foi transferido para a superintendência da PF em Brasília, onde continua preso. Moraes negou o pedido de prisão domiciliar feito após o encerramento do processo, no último dia 25.