
Pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo (7), mostra que 54% dos brasileiros acreditam que Jair Bolsonaro tentou fugir ao danificar sua tornozeleira eletrônica, enquanto 33% aceitam a versão de que o ex-presidente teve um “surto paranoico”. O levantamento, feito entre terça (2) e quinta (4) com 2.002 eleitores, indica que apenas 13% não souberam opinar sobre o episódio.
Segundo o instituto, a percepção de tentativa de fuga é majoritária entre os principais segmentos socioeconômicos, com destaque para os jovens de 16 a 24 anos (60%). Já entre os mais ricos, a explicação do surto encontra maior aceitação (40%).
No recorte político, o surto é mais aceito por grupos ligados ao bolsonarismo: 40% no Sul e no Norte/Centro-Oeste, 46% entre evangélicos e 66% dos eleitores de Bolsonaro em 2022. A hipótese de fuga predomina entre nordestinos (61%) e entre quem votou em Lula (66%).
O episódio da tornozeleira
Bolsonaro estava em prisão domiciliar em Brasília desde 4 de agosto, usando uma tornozeleira imposta por Alexandre de Moraes por descumprimento de medidas cautelares. Às 0h07 de 22 de novembro, a central da Secretaria de Administração Penitenciária detectou violação no equipamento. Ao telefone, a equipe ouviu que ele teria batido o dispositivo em uma escada, mas decidiu verificar pessoalmente.
No local, Bolsonaro mostrou a tornozeleira danificada com um ferro de solda “por curiosidade”. Moraes considerou a ação um risco de fuga, especialmente após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocar uma “vigília de orações” para aquele sábado em frente à casa do pai.
Para Moraes, a confusão poderia ser usada para retirar Bolsonaro da residência e levá-lo para “uma embaixada de país simpático” ao ex-presidente, como EUA, Argentina ou Hungria — onde, em 2024, ele dormiu duas noites de forma considerada suspeita.
Apoiadores inicialmente alegaram “repressão religiosa”, mas, com a divulgação das imagens da agente conferindo a tornozeleira, passaram a afirmar que Bolsonaro havia surtado. Ele sustentou essa versão na audiência de custódia, dizendo estar paranoico com a possibilidade de haver uma escuta no equipamento.
Seus advogados sugeriram que o comportamento poderia ter relação com medicamentos usados para outros problemas de saúde, mas médicos veem a hipótese como improvável.
Após a audiência, Bolsonaro foi transferido para a superintendência da PF em Brasília, onde continua preso. Moraes negou o pedido de prisão domiciliar feito após o encerramento do processo, no último dia 25.
URGENTE: STF divulga imagens da tornozeleira eletrônica usada por Jair Bolsonaro com sinais claros de tentativa de rompimento. Nas imagens, uma diretora da Secretaria de Administração Penitenciária do DF faz vistoria no equipamento. pic.twitter.com/81HGdiAPIE
— Renato Souza (@reporterenato) November 22, 2025