“Escolha difícil”: Estadão deu na íntegra “importante” discurso antissemita do “sr. Hitler”

Atualizado em 6 de fevereiro de 2022 às 16:49
A íntegra do discurso antissemita do “sr. Hitler” em 1935 no Estadão

O Estadão jamais escondeu suas posições ao longo de sua história. O viés conservador serviu para defender e encobrir os mais diversos crimes da extrema direita.

Um recorte do centenário jornal com a data de 17 de setembro de 1935, que viralizou, mostra que a questão da “escolha muito difícil” é antiga e o próprio diário nunca titubeou em optar pelo pior. 

A matéria intitulada “Importante discurso do sr. Hitler perante o ‘Reichstag'” cita a “firmeza do Partido Nacional-Socialista” e “medidas contra o bolchevismo e os judeus”. 

Está lá reproduzido, na íntegra, o libelo racista do Führer, proibindo, entre outras coisas, o casamento “misto”. O Estadão também abriu generoso espaço para Hermann Goering, ministro e braço direito do líder nazista. 

Hitler estava anunciando as infames Leis de Nuremberg, a legislação antissemita do Reich. Estavam vetadas relações sexuais fora do casamento entre judeus e alemães e o emprego de mulheres alemãs com menos de 45 anos de idade em casas de judeus.

Apenas pessoas com sangue alemão eram cidadãos. Os demais não tinham direitos. Em novembro daquele ano, ciganos e negros foram excluídos como “inimigos do estado racial”.

Prisioneiros judeus do campo de concentração de Buchenwald

Judeus passaram a ser perseguido sistematicamente e viraram alvos de pogroms nas cidades. A sua atividade profissional foi suspensa. Quem violava essa regulamentação era preso e enviado a campos de concentração. A emigração era cara e os judeus não eram totalmente aceitos em muitos países (entre os quais, o Brasil). 

O caminho para a solução final na conferência de Wannsee, em 1942, estava aberto.

O Estadão destacou Goering elogiando a suástica como “símbolo da liberdade”. Era necessário “proteger a pureza da raça ariana” e “tomar medidas que preservem as mulheres e crianças e as coloquem ao abrigo da lubricidade da raça, que não sabe dominar-se”.

E vai ladeira abaixo. Isso já era inadmissível à época. Mas era necessário, para os Mesquistas, defender as nações do perigo do comunismo e seus agentes hebreus.

O fascismo sempre pôde contar com o vetusto O Estado de S. Paulo, eternamente preocupado com a polarização e as ameaças à democracia. 

“Uma escolha muito difícil”