8/1: PGR denuncia casal que financiou acampamento golpista com R$ 1 milhão arrecadado no Pix

Atualizado em 11 de agosto de 2025 às 20:08
Acampamento bolsonarista no Quartel-General do Exército em Brasília, em novembro de 2022 — Foto: TV Globo/Reprodução

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Eloisa da Costa Leite e Rubem Abdalla Barroso Júnior sob a acusação de arrecadar R$ 1 milhão, via PIX, para alimentar bolsonaristas que acamparam em frente ao Quartel-General do Exército (QGEx), em Brasília, no final de 2022. Com informações do g1.

O objetivo do grupo era reverter o resultado da eleição presidencial após a derrota de Jair Bolsonaro (PL). Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, parte do valor arrecadado foi utilizada para incitar a prática de atos antidemocráticos mediante o fornecimento de alimentos aos frequentadores do acampamento.

Para a PGR, o casal cometeu os crimes de associação criminosa, cuja pena prevista varia de 1 a 3 anos de prisão, e de incitação ao crime, que prevê detenção de 3 a 6 meses, por estimular animosidade das Forças Armadas contra os poderes constitucionais. O órgão avalia a possibilidade de propor um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), já que a pena mínima dos crimes é inferior a quatro anos.

Para isso, Eloisa e Rubem precisariam confessar os delitos e assumir o cumprimento das condições fixadas pela Justiça. A denúncia foi protocolada em 9 de julho de 2025 no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Os denunciados não possuem advogado constituído no processo.

Rubem Abdalla Barroso Júnior, bolsonarista que criou a máfia do Pix em acampamentos bolsonaristas. Foto: Reprodução

A investigação da Polícia Federal revelou que Rubem era responsável por uma tenda de alimentação coletiva conhecida como “Barraca do Abdalla”, administrada por ele e Eloisa em frente ao QG do Exército. No local, havia faixas solicitando doações para compra de alimentos aos acampados.

Após a quebra de sigilo bancário, a PF constatou que, entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, Eloisa recebeu R$ 1,06 milhão em sua conta e gastou R$ 738,6 mil, incluindo valores enviados por outros investigados nos atos antidemocráticos.

Durante esse período, Eloisa transferiu R$ 1.000, em duas ocasiões, para uma empresa identificada como fornecedora de estruturas para o acampamento e repassou R$ 185 mil para Rubem. Ele, por sua vez, transferiu quase R$ 40 mil para duas empresas que davam suporte estrutural aos acampados. A investigação não detalhou quanto do valor total foi efetivamente destinado à compra de alimentos.

Após os atos violentos de 8 de janeiro de 2023, Rubem realizou 17 saques em dinheiro vivo, totalizando R$ 19,3 mil, de forma fracionada, o que, segundo a PGR, indica tentativa de driblar limites de controle bancário. Em 11 de janeiro de 2023, ele também transferiu R$ 50 mil para um militar, cuja participação não foi comprovada, ficando de fora da denúncia.

A PF identificou ainda que, em 4 de janeiro de 2023, Rubem fez uma transmissão ao vivo convocando apoiadores para irem a Brasília, classificando o QG como “ponto de encontro para a marcha da liberdade”. No vídeo, ele orienta que empresários e pessoas do agronegócio financiem ônibus e estrutura para participação nas mobilizações, em referência aos atos antidemocráticos.