
Foto: Ton Molina
Após oito meses de investigações da Polícia Federal, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai começar a julgar os réus envolvidos no ataque terrorista do 8 de janeiro. A Corte vai começar a analisar os quatro primeiros réus, presos em flagrante no dia do atentado, nesta quarta (13) e eles são acusados de crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Aécio Lúcio Costa Pereira é um dos réus que será julgado nesta semana. Ele foi preso pela Polícia Legislativa do Senado Federal e a PF encontrou um vídeo em que ele aparece no Congresso Nacional na data, mandando outros golpistas irem “ás ruas”. “Não desistam. Saiam às ruas. Parem as avenidas. Dê corroboro para nós”, afirma no registro.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que “restou sobejamente comprovado que o denunciado Aécio Lúcio Costa Pereira concorreu, na qualidade de executor, para a consumação dos delitos ora apreciados”. Sua defesa pediu absolvição, alegando que o 8 de janeiro foi uma manifestação pacífica e que Aécio não foi o causador de nenhum ato ilícito.

Flagrado nas câmeras de segurança do Palácio do Planalto, Thiago de Assis Mathar é o segundo réu a ser julgado pelo Supremo. A denúncia apresentada pela PGR diz que ele foi autuado após o prédio “ter sido invadido, com o rompimento de gradis, barreiras físicas de proteção, destruição das vidraças para ingresso e emprego de violência contra as tropas policiais”.
Sua defesa alega que não há provas de que ele tenha participado de qualquer ato criminoso e que estava apenas “no lugar errado e na hora errada”.

Moacir José dos Santos é o terceiro réu na lista. Ele filmou “cenas de destruição nos prédios dos Três Poderes da República” com o próprio celular, segundo a denúncia. Investigadores também encontraram material genético dele nos vestígios coletados no Planalto.
Segundo a defesa do bolsonarista, ele “não conhecia nenhuma das pessoas que estava” no ataque, “não se uniu a ninguém para cometer crimes” e “não cometeu nenhum fato delituoso”. Os advogados alegam ainda que não foi encontrado “nenhum tipo de arma ou objeto que pudesse causar dano em sua posse”.

O último dos quatro réus é Matheus Lima Lázaro, que foi preso com um canivete, uma camisa de seleção brasileira e dois cortes de tecido de cor preta. Ele trocou mensagens dizendo que o Exército precisava entrar nos prédios dos Três Poderes para “quebrar tudo”.
Segundo a PGR, ele foi autuado “na posse de apetrechos que demonstraram a adesão, livre e consciente, aos atos violentos e às graves ameaças executados, assim como descortinaram a adesão e a contribuição para a obra coletiva comum, consistente na tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito”.
Sua defesa alega que ele foi “mero instrumento da ação de um grupo” e que foi cooptado “por meio de um conjunto de técnicas de ciência persuasiva”. “Como mero instrumento da ação de terceiro o acusado não pode ser considerado culpado, eis que presente a ausência do potencial consciência da ilicitude”, dizem os advogados.