A Comissão de Educação do Senado ouviu o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação sobre denúncias de pastores ladrões no MEC.
Marcelo Ponte admitiu que esses religiosos ajudavam a organizar os encontros do ministério com prefeitos em busca de dinheiro.
Um áudio de Milton Ribeiro provocou sua demissão semanas depois. Na gravação, ele admite que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios num esquema encabeçado por Gilmar Santos e Arilton Moura.
Tudo em nome de Deus. Uma CPI tem chance de ser criada, mas só terá efeito se tocar na ferida: a corrupção evangélica no MEC não foi inventada por dois pilantras e é fruto da imiscuidade dessa turma no estado.
Há um silêncio dos “bons evangélicos”. Onde estão eles?
Embora decorem os versículos mais obscurantistas da Bíblia, não dão a mínima para mandamentos como “não roubarás”.
O neopentecostalismo celebra a riqueza e esses homens são um símbolo da prosperidade. Eles chegaram lá. Se Marco Feliciano, por exemplo, pede o cartão de crédito das pessoas no púlpito, qual o limite moral dessa gente?
A mitologia da humildade e as palavras de Jesus Cristo sobe a pobreza não fazem parte dessa liturgia. Igrejas são comumente usadas para lavar dinheiro.
Jesus se manifestou diversas vezes contra o apego ao dinheiro e a ganância. Não faltaria, portanto, assunto para os cultos. O que temos, no entanto, é silêncio envergonhado. Aqui e ali um muxoxo. Nada que faça realmente barulho. Mais importante que a ladroagem é combater os gayzistas, os abortistas, os comunistas, os petistas (e aquele rapaz de coque samurai que deixa o bispo ma-lu-co).
“A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete e com mais facilidade se desconhece; e o que facilmente se comete e dificilmente se conhece, raramente se emenda”, escreveu o Padre Antônio Vieira.
O fato das lideranças evangélicas estarem na moita é sinal de que o diabo ganhou a parada e nós não temos salvação.