Chico Pinheiro pagou, com atraso, pelo áudio vazado de um desabafo sobre a prisão de Lula, recheado de críticas a Sergio Moro e à emissora onde trabalhava.
Em e-mails enviados para a equipe nesta sexta, dia 29, o chefe Ali Kamel anunciou a saída de Chico, que entrou na emissora em 1996 apresentando o SP TV.
“De nós, seus colegas e amigos, fica o reconhecimento de ter convivido na redação com um dos grandes jornalistas que a televisão brasileira já produziu e uma das pessoas ‘boa gente’ com quem já compartilhamos histórias e experiências”, escreveu Kamel.
Naquele áudio de abril de 2018, Chico pontuava: “Olha aqui a legenda da GloboNews agora. ‘Sem Lula, PT precisa traçar novas estratégias’. Ora, quem tem que traçar novas estratégias agora são eles. Vão fazer o quê agora?”.
As mensagens foram gravadas um dia após ele noticiar a prisão de Lula no Jornal Nacional.
“Quando uma pessoa deixa de ser um ser humano e se transforma numa ideia, começa o pesadelo”, falou, citando uma canção do MPB-4.
“Que o Lula tenha calma, sabedoria e inspiração divina para ficar quieto um tempo ali onde ele está”.
Terminava com uma saudação: “Um beijo no coração de vocês, que me representaram quando eu tinha que apresentar aquele jornal de ontem. Mas está tudo bem. A história é um carro alegre, cheia de um povo contente, que atropela indiferente todo aquele que a negue”.
A gravação foi postada num grupo fechado de WhatsApp, do qual participavam dezenas de pessoas, entre intelectuais, jornalistas, artistas e pessoas ligadas a partidos políticos.
Embora discreto, Chico era assumidamente progressista e um incômodo para a casa. Teve estômago para permanecer num ambiente golpista e antipetista. Quanto isso lhe custou, só ele sabe. Acaba de ser premiado para falar o que quiser.