83% das menções à PEC da Blindagem na web são negativas, diz Quaest

Atualizado em 20 de setembro de 2025 às 20:13
Hugo Motta cercado por deputados da direita e do Centrão. Foto: reprodução

O debate sobre a PEC da Blindagem, que aumenta a proteção de parlamentares que cometam crimes, continua a dominar as redes sociais. De acordo com um levantamento realizado pelo instituto Quaest, a medida tem gerado uma repercussão predominantemente negativa no ambiente digital, sendo apelidada de “PEC da Bandidagem”.

Entre os dias 16 e 19 de setembro, a pesquisa coletou 2,3 milhões de menções nas redes, das quais 83% foram críticas ao texto da proposta. O monitoramento revelou que, apesar da alta repercussão, o volume de menções por hora sobre a PEC é inferior a eventos como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), que registrou um pico de 44 mil menções por hora.

Com um alto alcance nas redes sociais, o debate sobre a PEC da Blindagem alcançou uma média de 44 milhões de perfis por hora. No entanto, o número de menções foi inferior ao do julgamento de Bolsonaro, demonstrando que, embora o tema esteja sendo discutido em larga escala, não gerou a mesma intensidade de reações que eventos como o julgamento do ex-presidente.

A maior parte das críticas concentradas nas redes sociais se voltam contra figuras políticas específicas. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), é o principal alvo das manifestações. Aproximadamente 46% das menções relacionadas à PEC envolvem críticas diretamente ao deputado e ao Congresso, em geral.

Influenciadores alinhados à esquerda têm sido os principais protagonistas desse movimento de crítica, utilizando hashtags como “CONGRESSO INIMIGO DO POVO” para reforçar a oposição ao projeto. Além disso, os deputados Guilherme Boulos (PSOL-SP), Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) e outras personalidades de esquerda têm se mostrado vocalmente contra a PEC.

Outro aspecto relevante no monitoramento das menções é o uso de recursos digitais, como vídeos gerados por Inteligência Artificial, que criam sátiras envolvendo figuras políticas. Exemplos disso incluem vídeos como “Hugo nem se importa”, que satirizam o presidente da Câmara, e “Tarcínico Pedágio”, que faz referência ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Estes vídeos têm contribuído para o fortalecimento das críticas à proposta da PEC da Blindagem.

Mobilizações e Ato Contra a PEC

O aumento da mobilização contra a PEC está associado a manifestações que devem ocorrer em diversas cidades do Brasil no próximo domingo (21). De acordo com o levantamento, 40% das menções nas redes sociais estão relacionadas a esses protestos, com 12% dessas menções especificamente abordando a mobilização de artistas e personalidades públicas.

As figuras públicas e artistas têm desempenhado um papel significativo nesse movimento, com muitos se posicionando publicamente contra a proposta de emenda, o que tem gerado um grande engajamento nas plataformas digitais. Além disso, 15% das menções associam a PEC da Blindagem a outros eventos, como a anistia e o julgamento de Bolsonaro.

Reação bolsonarista

Apesar da reação negativa em grande parte da população e nas redes sociais, o projeto também tem sua defesa. Aproximadamente 17% das menções relacionadas à PEC têm uma abordagem positiva, principalmente por parte de parlamentares e militantes bolsonaristas.

O principal argumento em defesa da PEC gira em torno das alegações de excessos por parte do STF  Para muitos parlamentares da direita, o Supremo estaria se excedendo em suas decisões, principalmente em relação a ações que beneficiaram figuras ligadas à esquerda, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A proposta de blindagem, portanto, seria vista por esses defensores como uma forma de corrigir o que consideram serem os “excessos” da Corte.

O monitoramento dos debates nos grupos públicos de mensagens como WhatsApp, Telegram e Discord revela uma diferença significativa entre os grupos alinhados à esquerda e à direita. Nos grupos de esquerda, o volume de mensagens sobre a PEC tem aumentado, representando 11% do total de mensagens no dia 18 de setembro.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.