
Foto: Reprodução/Redes Sociais
O registro da suposta vacinação de Bolsonaro no sistema do SUS foi feito no dia anterior à primeira data em que o certificado foi emitido. O certificado foi emitido novamente em 27 de dezembro, e foi apagado do banco de dados do SUS neste mesmo dia. No dia 30 de dezembro, o certificado foi emitido exatamente duas horas antes de Bolsonaro embarcar para os Estados Unidos.
De acordo com os dados fornecidos à PF pela Secretaria de Governo Digital, o certificado de imunização do ex-mandatário foi emitido através do aplicativo ConecteSUS em quatro datas específicas.
A PF descobriu que o CPF de Bolsonaro foi usado para acessar o sistema através de dois IPs diferentes. Um deles pertence à Presidência e está cadastrado no Palácio do Planalto, enquanto o outro está associado ao celular do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que foi preso nesta manhã sob suspeita de operar o suposto esquema de fraude nos documentos de vacinação.
Os investigadores também descobriram que a conta de Bolsonaro criada no sistema gov.br para acessar o aplicativo do SUS tinha inicialmente o e-mail corporativo de Mauro Cid na Presidência. A conta só teve seu e-mail alterado em 22 de dezembro de 2022, logo após o primeiro acesso ao certificado de vacinação do ex-presidente.
O novo e-mail utilizado na conta de Bolsonaro pertence a Marcelo Costa Câmara, assessor especial do ex-presidente, e não ao próprio Bolsonaro.

A PF concluiu que não há evidências de que os dados de Bolsonaro tenham sido utilizados indevidamente por pessoas não autorizadas, mas que o ex-presidente, Mauro Cid e possivelmente Marcelo Câmara “tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento”.
As investigações sobre o esquema começaram após mensagens de Mauro Cid terem sido identificadas após a quebra de sigilo autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Em novembro do ano passado, o ex-braço direito de Bolsonaro pediu a outro militar da Ajudância de Ordens da Presidência para ajudá-lo a conseguir comprovantes falsos para sua mulher e as duas filhas.
Os registros das supostas vacinas aplicadas em Bolsonaro foram apagados dias mais tarde por uma operadora sob a justificativa de “ERRO”. Os dados da CGU indicam que o ex-presidente não esteve na cidade fluminense na primeira data e que ele “não teria como se dirigir a uma UBS do município, sem que ninguém percebesse”. Segundo esses registros, Bolsonaro teria recebido duas doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em 13 de agosto e em 14 de outubro, ambas no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias.