Rita Lee, Glória Maria, Aracy… Qual o problema da Folha com mulheres mortas? Por Nathalí

Atualizado em 8 de agosto de 2023 às 11:05
Matéria depreciativa da Folha sobre Aracy Balabanian. (Foto: Reprodução)

A Folha de S. Paulo não cansa de demonstrar a insensibilidade de seus editores e colunistas.

Basta uma mulher morta para que o julgamento póstumo da Folha lhe recaia sobre os ombros.

Quando a icônica Gloria Maria morreu, o portal publicou que ela “fazia de tudo pra esconder a idade”.

 

Matéria da Folha sobre Glória Maria. (Foto: Reprodução)

Com Rita Lee não foi diferente. Publicaram uma matéria vergonhosa: “Rita Lee, rebelde desde a infância, se deixou guiar por drogas e discos voadores”.

Matéria da Folha de S.Paulo sobre Rita Lee. (Foto: Reprodução)

E agora, diante da morte da atriz Aracy Balabanian, fez questão de destacar que ela “fez aborto e não quis casar e ter filhos para cuidar da carreira.” (foto em destaque)

Além de massacrar mulheres mesmo depois de mortas, a Folha demonstra, mais uma vez, sua face conservadora e arcaica ao condenar uma mulher por preferir sua carreira à vida de dona de casa.

Qual o problema de uma mulher fazer um aborto simplesmente porque não deseja ser mãe? Qual é o problema de uma mulher escolher sua carreira a uma vida dedicada à família?

Para a Folha, aparentemente, estamos no século XIV.

Sobretudo este portal que já errou tantas vezes e nunca se desculpou agora não faz nenhuma questão de esconder a própria misoginia.

As mulheres deste país não têm um minuto de paz, nem depois de mortas. A razão não pode ser outra a não ser a nossa velha conhecida misoginia do jornal dos Frias.

Quanto às vivas, a Folha as odeia em segredo.

Deixem as mulheres em paz.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link

Nathalí Macedo
Nathalí Macedo, escritora baiana com 15 anos de experiência e 3 livros publicados: As mulheres que possuo (2014), Ser adulta e outras banalidades (2017) e A tragédia política como entretenimento (2023). Doutora em crítica cultural. Escreve, pinta e borda.