Ucrânia poderia ceder território à Rússia em troca de adesão à Otan, diz dirigente da entidade

Atualizado em 15 de agosto de 2023 às 21:18
Stian Jenssen falando e gesticulando, de roupa social
Stian Jenssen deu declaração polêmica – Reprodução

Nesta terça-feira (15), em conversa com jornalistas em Arendel, na Noruega, o chefe de gabinete do secretário-geral da Otan afirmou que a entrada de Kiev na aliança militar ocidental pode se tornar realidade se houver concessões territoriais a Moscou.

“Uma solução poderia ser a Ucrânia desistir de território e obter a adesão à Otan em troca”, apostou Stian Jenssen, que trabalha para o chefe da aliança, o também norueguês Jens Stoltenberg, há cinco anos.

Jenssen ainda disse que a posição do chefe é a que vale, então caberá à Ucrânia decidir em que momento e em que termos aceitará negociar com Vladimir Putin. O presidente Volodimir Zelenski disse mais uma vez que isso só acontecerá se os russos desocuparem seu território, incluindo a Crimeia nessa conta.

Pesa no discurso de Zelenski as ofensivas russas e o fato de terem recebido apoio material e treinamento da Otan apenas em junho.

De acordo com a Folha de S.Paulo, a fala do chefe de gabinete foi recebida pessimamente pelos ucranianos, que consideraram a declaração como uma ofensa “absolutamente inaceitável”, nas palavras do porta-voz da chancelaria local, Oleg Nikolenko.

“Sempre se assumiu que a aliança, assim como a Ucrânia, não comercializa territórios. A participação consciente ou inconsciente de autoridades da Otan na formação dessa narrativa joga pelas mãos da Rússia”, disse ele no X, ex-Twitter.

Bandeira da Ucrânia em meio a escombros
Imagem de território ucraniano em meio à guerra – Reprodução

Jenssen afirmou que não estava impondo condições para o fim da guerra especificamente, mas falava em relação aos termos de adesão da Ucrânia à Otan, o que foi um dos motivos alegados por Putin para invadir o território ucraniano.

“Não estou dizendo que tem que ser assim, mas que pode ser uma solução possível. É importante que discutamos nosso caminho para isso. É do interesse de todos que a guerra não se repita. A Rússia está lutando enormemente do ponto de vista militar, e parece irreal que eles possam tomar novos territórios. Agora é mais uma questão de saber o que a Ucrânia consegue recuperar”, afirmou ele, se referindo à contraofensiva.

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