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Recebo com tranquilidade a decisão do STF que transformou em ré a deputada que me perseguiu (e está me processando por um artigo publicado aqui no DCM). Recebo com tranquilidade inclusive o fato de que a decisão não tenha sido unânime (9 votos a 2).
Eu respeito os argumentos de quem vê uma parcela de culpa minha no caso. Mas a coisa deve ser tratada com seriedade e não com argumentos perigosos.
O processo existe exatamente porque o ato não pode ser tratado com “legitimidade”. Era véspera de eleição, era em uma via pública e era em um lugar público. Eu respeito o voto do ministro do STF Nunes Marques, que disse que era “legítima a realização da prisão em flagrante do ofensor” (eu, no caso).
Mas, na minha visão, foi um caso de violência política sem precedentes.
O que aconteceu naquela tarde não foi normal, não foi legítimo e não pode ser normalizado. Foi algo que vai ser falado por anos como mais um dentro de tantos de uma época muito ruim do nosso país. Onde as faltas de empatia, amor ao próximo e a de debates produtivos sobre o que realmente o povo brasileiro precisa chegaram ao ápice.

Para mim, especificamente, foi muito doloroso, pois jamais imaginaria estar no centro de uma situação dessas.
Sei que o caso não vai terminar tão cedo e que a justiça vai ser feita. Eu sei da gravidade do episódio, sei que ainda virá muita acusação infundada contra mim. Sei também que os ventos políticos do país deixarão a situação mais tensa do que já está.
A solução nunca foi e nunca será a violência. Estar sob a mira de uma arma por alguém privilegiado vai ser um trauma que vou levar até o fim da minha vida, que não é lá muito feliz. Por isso, na minha opinião, não dá para legitimar o ato.
Espero que tudo seja resolvido com calma. Como falei, eu não queria estar no centro deste triste episódio. Espero que a normalidade com a qual eu levei essa decisão seja a do restante desse processo.