Contrabando de madeira: Celular de Salles nunca chegou a ser periciado pela PF

Atualizado em 30 de agosto de 2023 às 8:26
O celular do ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal Ricardo Salles (PL-SP). Foto:  Brenno Carvalho/O Globo

O celular do ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) foi apreendido há dois anos pela Polícia Federal (PF), mas nunca chegou a ser periciado. Na última segunda-feira (28), ele se tornou réu em uma ação da Justiça Federal do Pará por suspeita de facilitar o contrabando ilegal de madeira na Amazônia.

Documentos mostram que, desde o momento em que Salles foi alvo da Operação Akuanduba, até hoje, o inquérito sobre o caso foi transferido de jurisdição uma vez e não foi concluído. Além disso, o celular foi mantido intacto. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.

Em meio à operação Akuanduba, Salles se recusou a entregar o telefone alegando que não estava com o aparelho. Ele só disponibilizou o celular para a polícia 19 dias depois e, ainda assim, não forneceu a senha.

O dispositivo, então, foi encaminhado para a análise pericial do Instituto Nacional de Criminalística, vinculado à PF, que atestou a “indisponibilidade de ferramentas, softwares e técnicas” para obter “acesso aos dados encontrados na memória do dispositivo”.

Ricardo Salles posou com tora de madeira ilegal apreendida em Itaituba II, no Pará, em maio de 2021. Foto: Divulgação/Ministério do Meio Ambiente

No entanto, autoridades do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos informaram à PF que possuíam meios para “quebrar” a senha do celular de Salles. Diante disso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que relatava o caso, determinou que o telefone fosse enviado aos EUA.

Porém, o setor de perícia da polícia enviou ofício ao então dirigente das investigações, Franco Perazzoni, dizendo que não era mais necessário o envio do aparelho, pois uma atualização no software usado pela PF permitia o acesso ao conteúdo do celular.

Desde então, a equipe de investigação pediu diversas vezes que a perícia fosse realizada no celular de Salles, o que não foi feito. O delegado Perazzoni, responsável pelo inquérito, foi definitivamente afastado do caso em outubro e o inquérito nunca foi concluído.

Agora, após a Justiça acatar a denúncia e transformar Salles em réu, a PF tem dez dias para dizer se tem ou não condições de quebrar a senha do celular. Caso a resposta seja positiva, os peritos terão que fornecer a informações do aparelho em até 30 dias.

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