
O celular do ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) foi apreendido há dois anos pela Polícia Federal (PF), mas nunca chegou a ser periciado. Na última segunda-feira (28), ele se tornou réu em uma ação da Justiça Federal do Pará por suspeita de facilitar o contrabando ilegal de madeira na Amazônia.
Documentos mostram que, desde o momento em que Salles foi alvo da Operação Akuanduba, até hoje, o inquérito sobre o caso foi transferido de jurisdição uma vez e não foi concluído. Além disso, o celular foi mantido intacto. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.
Em meio à operação Akuanduba, Salles se recusou a entregar o telefone alegando que não estava com o aparelho. Ele só disponibilizou o celular para a polícia 19 dias depois e, ainda assim, não forneceu a senha.
O dispositivo, então, foi encaminhado para a análise pericial do Instituto Nacional de Criminalística, vinculado à PF, que atestou a “indisponibilidade de ferramentas, softwares e técnicas” para obter “acesso aos dados encontrados na memória do dispositivo”.

No entanto, autoridades do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos informaram à PF que possuíam meios para “quebrar” a senha do celular de Salles. Diante disso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que relatava o caso, determinou que o telefone fosse enviado aos EUA.
Porém, o setor de perícia da polícia enviou ofício ao então dirigente das investigações, Franco Perazzoni, dizendo que não era mais necessário o envio do aparelho, pois uma atualização no software usado pela PF permitia o acesso ao conteúdo do celular.
Desde então, a equipe de investigação pediu diversas vezes que a perícia fosse realizada no celular de Salles, o que não foi feito. O delegado Perazzoni, responsável pelo inquérito, foi definitivamente afastado do caso em outubro e o inquérito nunca foi concluído.
Agora, após a Justiça acatar a denúncia e transformar Salles em réu, a PF tem dez dias para dizer se tem ou não condições de quebrar a senha do celular. Caso a resposta seja positiva, os peritos terão que fornecer a informações do aparelho em até 30 dias.