Lula convoca países do G20 a acabar com a fome no mundo até 2030

Atualizado em 10 de setembro de 2023 às 11:10
Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, Lula, Narendra Modi (Índia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e Joe Biden (EUA), em cerimônia do G20. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante sua participação na reunião de cúpula do G20, realizada neste domingo (10), na Índia, apresentou seu plano e agenda para assumir a presidência do bloco, a partir de dezembro.

Durante suas falas, o petista deixou claro que não quer que assuntos de geopolítica sequestrem a agenda de desenvolvimento. Ou seja, que temas como o combate à fome e pobreza não sejam abafados por questões relacionadas com a guerra na Ucrânia, por exemplo.

“Nós não podemos deixar que questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões das várias instâncias do G20. Não nos interessa um G20 dividido. Só com uma ação conjunta é que podemos fazer frente aos desafios dos nossos dias. Precisamos de paz e cooperação em vez de conflitos”, disse o presidente.

“Precisamos redobrar os esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos”, disse Lula. “Agir para combater a mudança do clima exige vontade política e determinação dos governantes, e também recursos e transferência de tecnologia”.

O novo presidente do G20 também destacou a necessidade de que países emergentes tenham mais participação nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

“A insustentável dívida externa dos países mais pobres precisa ser equacionada. A OMC [Organização Mundial do Comércio] tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar”, prosseguiu o presidente brasileiro. “Para recuperar sua força política, o Conselho de Segurança da ONU precisa contar com a presença de novos países em desenvolvimento entre seus membros permanentes e não permanentes”.

Um dia antes, durante entrevista à imprensa indiana, Lula já havia afirmado que o presidente russo, Vladimir Putin, não será preso se viajar ao Brasil para as reuniões do G20, em 2024 – há um pedido de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra o líder russo, por crimes contra a humanidade, e o Brasil ratificou o tratado da corte.

Na avaliação do governo brasileiro, qualquer sinalização no sentido contrário e de uma eventual prisão de Putin poderia contaminar imediatamente todo o debate do G20 e levar a reunião a uma irrelevância e fracasso.

Neste sentido, o principal ponto defendido por Lula é o de que a agenda internacional não seja abalada.

Questões climáticas e relacionadas a reforma das instituições globais também estão no radar do petista.

O Brasil assume oficialmente a presidência do G20 a partir de dezembro e durante todo o ano de 2024. Mas, neste domingo, coube a Lula apresentar o programa de suas prioridades, no que é considerado pelo Itamaraty como uma das maiores operações internacionais do país em décadas.

Por meses, as cidades brasileiras receberão com frequência ministros e negociadores das maiores economias do mundo. A cúpula ocorrerá no Rio de Janeiro, no final de 2024.

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