Defesa de Bolsonaro traça estratégia para contestar delação de Cid

Atualizado em 11 de setembro de 2023 às 13:22
Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente. Foto: reprodução

A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), está gerando controvérsias e desacordo entre aliados do ex-presidente e autoridades do Ministério Público Federal (MPF). A principal questão em debate é a ausência de aval do MPF na assinatura do acordo de colaboração premiada.

A delação do militar à Polícia Federal foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no último sábado (9). No entanto, o procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou nas redes sociais que a PGR não aceita delações conduzidas pela PF, citando exemplos anteriores, como as de Antonio Palocci e Sérgio Cabral.

A declaração de Aras gerou uma resposta imediata do ministro da Justiça, Flávio Dino, que parabenizou a Polícia Federal pela celebração do acordo de colaboração, destacando a seriedade e o profissionalismo da instituição. ” Polícia Federal atuou com seriedade, profissionalismo e pleno atendimento à Constituição, às leis e à jurisprudência do STF”, escreveu.

Apesar de o Supremo ter decidido em 2018 que a PF pode firmar acordos de delação premiada sem o aval do MPF, o assunto continua sendo polêmico entre os advogados que cercam Bolsonaro. Eles argumentam que cabe ao Ministério Público a ação penal, o que significaria que somente o MPF deve ditar o alcance de um acordo de colaboração.

Esta disputa deve ser uma das contestações apresentadas pela defesa de Bolsonaro após ter acesso ao conteúdo da delação de Mauro Cid.

Em 2018, o STF decidiu, por 10 votos a 1, que delegados de polícia podem firmar acordos de colaboração durante o inquérito policial. No entanto, dois ministros, Luiz Fux e Rosa Weber, afirmaram que a PF só poderia realizar o acordo se o MPF concordasse, enquanto o ministro Edson Fachin votou para que a polícia não pudesse firmar delações premiadas.

Em 2021, o Supremo analisou a validade da delação premiada do ex-governador Sérgio Cabral e, por 7 votos a 4, decidiu revogar a homologação da colaboração com a PF. Nesse caso, os ministros seguiram a Procuradoria-Geral, que alegou falta de aval do MPF.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link
Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.