Senado dobra a aposta contra o STF e aprova a lei do Marco Temporal

Atualizado em 27 de setembro de 2023 às 20:52
Rodrigo Pacheco olhando para trás com expressão séria
Rodrigo Pacheco disse que a votação do marco temporal não foi um “enfrentamento” – Reprodução/Agência Brasil

Nesta quarta-feira (27), o Senado Federal, por 43 votos a favor e 21 contra, aprovou o projeto que estabelece um marco temporal para a demarcação de terras indígenas. O próximo passo será a sanção presidencial, a cargo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo os termos da proposta, os povos indígenas somente poderão reivindicar a posse de terras que ocupavam de forma permanente até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Na prática, isso significa que as comunidades indígenas que não conseguirem comprovar sua presença nessas terras na data especificada poderão enfrentar a possibilidade de serem desalojadas.

É importante destacar que essa iniciativa, liderada pela bancada ruralista, vai contra a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a tese do marco temporal como ilegal.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), esclareceu que a votação do projeto não representa um “enfrentamento” ao STF, classificando a ação do Congresso como algo “natural”. Para o parlamentar, questões como essa devem ser tratadas no âmbito do legislativo.

Plenário do senado
Plenário do Senado. Foto: Sérgio Lima

A votação foi rápida, com a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) tendo aprovado o texto no início do dia. Embora o projeto não estivesse originalmente na pauta do plenário, a urgência da matéria foi rapidamente considerada, e o conteúdo da proposta foi aprovado em seguida.

Dada a divergência entre o Congresso e o STF, é possível que essa questão acabe nos tribunais, com partidos políticos contestando a constitucionalidade do projeto, uma vez que foi aprovado como uma lei comum. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, existem atualmente 226 processos pendentes de resolução relacionados a esse tema.

A decisão do STF pode influenciar a abordagem do Poder Executivo na demarcação de terras indígenas.

O projeto em questão aborda uma série de pontos importantes:

  • Autorização para atividades de garimpo e cultivo de transgênicos dentro das terras indígenas.
  • Possibilidade de contato com povos indígenas isolados.
  • Permissão para empreendimentos econômicos sem consulta prévia às comunidades afetadas.
  • Celebração de contratos entre indígenas e não indígenas para a exploração de atividades econômicas em territórios tradicionais.
  • Estabelecimento de que a interrupção da posse indígena antes de outubro de 1988, exceto em caso de conflito de posse durante esse período, torna a área não reconhecida como ocupada tradicionalmente. No entanto, a comprovação de conflito e expulsão é considerada difícil por especialistas.
  • Previsão de indenização por desocupação de terras e validação de títulos de propriedade em terras de comunidades indígenas.Quanto ao último ponto, especialistas acreditam que ele poderá permitir a indenização de não indígenas que tenham ocupado áreas de comunidades indígenas.

De acordo com o texto, durante o processo de demarcação, “não haverá qualquer limitação de uso e gozo aos não indígenas que exerçam posse sobre a área, garantida a sua permanência na área objeto de demarcação”. Com informações do G1.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link
Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.