Militares no 8/1: PF aposta em celular de general aliado de Pazuello para avançar em investigação

Atualizado em 4 de outubro de 2023 às 8:35
O general Ridauto Lúcio Fernandes. Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) está empenhada em identificar os indivíduos que utilizavam balaclavas durante os atos terroristas promovidos por simpatizantes dos ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro.

Para avançar nas investigações sobre a possível participação de membros do Exército nesses episódios, os investigadores estão explorando os registros do celular do general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.

As suspeitas recaem sobre militares treinados nas forças especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos,” uma elite das Forças Armadas. Eles são suspeitos de terem orientado a ação dos vândalos durante a invasão e depredação dos edifícios públicos.

Depoimentos de indivíduos presos pela PF revelaram que receberam instruções sobre como agir durante as invasões e ataques aos prédios. Além disso, as investigações constataram que ocorreu uma ação sofisticada em determinados momentos dos ataques, incluindo o uso de gradis presos uns aos outros para criar escadas de acesso e saída pelo teto do Congresso Nacional.

Para garantir o acesso ao prédio usando os gradis, os manifestantes também utilizaram nós em cordas que, segundo a polícia, dificilmente teriam sido feitos por pessoas não especializadas.

Com base em imagens e depoimentos, os investigadores suspeitam que aqueles que usavam balaclavas estavam coordenando a entrada dos demais manifestantes pelo gradil do Congresso.

A PF, agora, espera avançar na investigação dos “kids pretos” por meio da identificação das pessoas envolvidas e dos registros no celular do general Ridauto.

General Ridauto Lúcio Fernandes
O general Ridauto Lúcio Fernandes. Foto: Reprodução

No final de setembro, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão contra o general da reserva, que é investigado por suspeita de ter tido envolvimento na organização dos ataques na capital federal.

Ridauto prestou depoimento e teve seu celular, arma e passaporte retidos pelos investigadores. Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o bloqueio de seus ativos e valores.

Os investigadores também ressaltaram que, antes de participar dos ataques, Ridauto deu entrevistas em podcasts nas quais explicava como as forças especiais são especializadas em conduzir guerras irregulares, recrutando civis inexperientes em combate para auxiliar em conflitos.

Outro fator que contribuiu para a suspeita da participação de militares das forças especiais do Exército foi o uso das granadas “bailarinas” durante os ataques de 8 de janeiro.

Essas granadas foram encontradas no Senado após os ataques, e nem a polícia legislativa do Congresso nem a Polícia Militar do Distrito Federal possuem esse tipo de explosivo, que é utilizado em treinamentos pelas forças especiais do Exército.

Vale destacar que Ridauto ocupou o cargo de diretor de Logística do Ministério da Saúde durante as gestões dos ministros Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga no governo Bolsonaro.

Durante os ataques, ele gravou vídeos e os enviou para amigos e familiares, expressando que estava “arrepiado” com o que estava acontecendo. Ridauto destacou que a Polícia Militar (PM) estava cumprindo ordens para proteger o patrimônio e que os manifestantes entendiam que os policiais eram “bem-intencionados”.

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