A Guerra do Oriente Médio no Brasil. Por Chico Teixeira

Atualizado em 14 de outubro de 2023 às 20:12
Ato em defesa da Palestina em frente ao restaurante Al Janiah, na Bela Vista (SP). Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Por Chico Teixeira

Entre as diversas consequências da guerra ora em curso no Brasil, uma é particularmente perversa. Trata-se da iniciativa de um auto-denominado “Instituto Brasil pela Liberdade”, que se apresenta com um dístico de natureza darwinista biologizante, violento e racista, de elogio ao uso da violência tomado de Olavo de Carvalho.

Tal “instituto”, que se quer “brasileiro” e “pela liberdade”, se dispôs a listar nomes de professores e pesquisadores que supostamente apóiem o “terrorismo”, ou seja, façam qualquer crítica ao Estado de Israel e defenda a criação de um Estado Livre da Palestina.

É uma notável evidência da comunhão de ideias do bolsofascismo com os setores racistas e fascistas do atual Governo Netaniahu, como os ministros Ben-Gvir, da Segurança Pública, e Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, que negam a existência de “um Povo Palestino”, abrindo caminho para a colonização massiva da Cisjordânia por colonos judeus e a transformação cada vez mais cruel de Gaza em um gueto.

Devemos nos manter atentos e denunciar a coligação bolsofascista e o fundamentalismo judaico. Trata-se, como já explicou Michel Gherman, de um Israel “imaginário” criado pelo pentecostalismo norte-americano exportado desde os anos de 1950 para o Brasil através de missionários evangelistas americanos (conforme o pesquisador Fábio Py) e assumido por Igrejas brasileiras e ainda por organizações narcotraficantes do Rio de Janeiro.

Ao final, todos estes defendem a ocupação de toda a Cisjordânia, como o Israel bíblico, e a destruição das Mesquitas do Monte, o “Domo da Rocha” e Al-Aksa, para a reconstrução em seu lugar do Templo de Salomão. Somente com a restauração do Templo seria possível o “Segundo Advento”, o retorno do Cristo ao Mundo. Essa aliança que espera e anseia pelo “Juízo Final”, pela morte e julgamento da Humanidade, que municia religiosamente os fundamentalistas pentecostais cristãos e o fundamentalismo judeu.

É essa “Teologia do Fim dos Tempos” que une os fascismos do Brasil e de Israel, e explica a aliança oportunista Bolsonaro-Netanyahu.

Nós, brasileiros, já conhecemos as consequências da redação de “listas” de suspeitos, inconformistas ou “subversivos”.

A feitura de tais listas é um traço marcante das ditaduras, bem ao contrário da “liberdade” desvirtuada pela novilíngua fascista em plena expansão hoje em todo mundo.

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