“Foi um erro”: aliados de Bolsonaro se arrependem de insistir na CPMI do 8/1

Atualizado em 17 de outubro de 2023 às 16:15
O general Paulo Nogueira (Exército), Braga Netto, Jair Bolsonaro; tenente-brigadeiro Baptista Júnior, da Aeronáutica; e o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha — Foto: divulgação

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro consideram que insistir na instalação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro foi um “erro”. Antes da criação do colegiado, ele queria usar os trabalhos para criar uma narrativa de que o ataque terrorista foi uma “armadilha feita pela esquerda” e que teria “ação” de Lula no episódio.

Integrantes do PL, partido de Bolsonaro, avaliam que a bancada bolsonarista não conseguiu comprovar uma omissão do governo Lula no enfrentamento dos ataques e ainda abriram espaço para a base governista voltar os holofotes à gestão anterior.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MG), relatora da CPMI, pediu o indiciamento de Bolsonaro e o apontou como autor “intelectual” ou “moral” dos ataques. Ela diz que o ex-presidente cometeu quatro crimes: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Para aliados de Bolsonaro, o relatório é “mais opinativo” e “político” do que jurídico, mas pode provocar estragos. “É tudo uma narrativa política. Indiciamento é a mesma coisa que relatório policial, significa que alguém que fez investigação acha que tem indícios, mas quem vai dizer se há ou não é o Ministério Público”, disse um integrante do PL à coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo.

Bolsonaristas temem que, com o fim do mandato de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República (PGR), o próximo titular do posto possa aprofundar as investigações contra o ex-presidente. Eles acreditam que o próximo procurador deve usar o material da CPMI para aprofundar as investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Aliados do ex-presidente também avaliam que o governo Lula também teve prejuízos com a CPMI, já que o relatório pediu o indiciamento ex-comandantes da Marinha (Almir Garnier) e do Exército (Marco Antônio Freire Gomes) num momento em que o Palácio do Planalto tenta melhorar a relação com as Forças Armadas.

“O governo não ganhou nenhum centímetro com esse relatório, que só consegue acirrar mais ainda a situação com os militares. O relatório criou um grande constrangimento pro meio militar, o que vai ser ruim pro próprio PT”, diz interlocutor de Bolsonaro.

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Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.