
Israel é irrelevante como ponto focal das atenções diplomáticas. Assim como é inútil vomitar uma gota de bile em protesto contra essa farsa territorial reduzida a um estado de psicopatas sem freios civilizatórios. A única chance de interditar a escalada genocida do Estado Judeu contra os palestinos, na Faixa de Gaza, é impor limites aos Estados Unidos, a quem Israel serve como vassalo e de quem é capataz, no Oriente Médio. E somente um gigante como a China pode fazer isso.
Durante a Guerra Fria, entre 1948 e 1989, os EUA eram impedidos de atiçar indiscriminadamente o cão israelense contra os árabes porque temiam a contrapartida soviética e, claro, a escalada global de uma guerra nuclear – o que convencionalmente se chamava de “equilíbrio pelo terror”. Sem a URSS, os israelenses passaram a ter carta branca para roubar terras, cercar e matar palestinos, sob o olhar condescendente da Nova Ordem Mundial pós-Muro de Berlim.
Portanto, é perda de tempo exigir humanidade de Israel, assim como é inaceitável colocar a culpa apenas na extrema-direita israelense pelo genocídio em Gaza. Há muito, a sociedade israelense está imersa em um projeto nacional que a noção muito clara de solução final em relação aos palestinos.
O ataque do Hamas, em 7 de outubro, deu a Israel um argumento renovado para esse projeto, haja vista o esvaziamento histórico e a exaustão ideológica do Holocausto. Trata-se de um evento tão chocante quanto distante, que de tanto ser requisitado em defesa do povo judeu, entrou em processo de exaustão.

Assim, odiar Israel e, por extensão, os judeus, tornou-se um sentimento perigosamente em voga. Ao mesmo tempo, também se tornou perda de tempo imaginar que somente odiar israelenses – que despejam bombas sobre dois milhões de seres humanos desarmados e sem um exército regular para defendê-los – irá servir para conter a besta-fera sionista.
A única chance dos palestinos é a China. A grande nação de Mao tem o dever de expor ao mundo a falência moral dos Estados Unidos e apresentar uma solução militar imediata para barrar os genocidas de Israel, seja com um exército próprio, seja fornecendo armas para os países árabes (e para o Irã) dispostos a lutar pelos palestinos.
Sem a China, só restará esse teatro de resoluções e debates estéreis na ONU, até que a última criança palestina de Gaza padeça, em agonia, sobre os escombros da velha cidade.