
Nas últimas semanas, uma onda de manifestações antissemitas e islamofóbicas tem acontecido em diversas partes do planeta, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa em meio ao rescaldo da guerra entre Israel e o Hamas. Relatos de atos discriminatórios contra judeus e muçulmanos se intensificaram, causando alarme em autoridades e organizações não-governamentais (ONGs) em diversas partes do mundo.
Segundo a Liga Antidifamação (ADL) dos Estados Unidos, os casos de antissemitismo no país aumentaram cerca de 400% nas últimas duas semanas em comparação ao mesmo período no ano anterior. O diretor do FBI, Christopher Wray, caracterizou o cenário como atingindo “níveis históricos”. Entre as vítimas recentes está a senadora Jacky Rosen, de Nevada, que recebeu ameaças de morte por ser judia.
Paralelamente, o Conselho de Relações Islâmico-Americanas (Cair) registrou um aumento significativo de queixas relacionadas à islamofobia nos EUA desde o início do conflito, ultrapassando os números médios de 2022 para o mesmo período.
Incidentes graves, como agressões a um jovem palestino no Brooklyn e o assassinato brutal de Wadea al-Fayum, uma menina de 6 anos, em Illinois, evidenciam a gravidade da situação. Segundo a Polícia, Wadea e a mãe foram atacados “porque são muçulmanos e pelo conflito em curso no Oriente Médio”. O Departamento de Justiça investiga o caso como crime de ódio.
“Definitivamente vimos um aumento nas ameaças em todo o país. Está focado no povo judeu e na comunidade muçulmana”, disse Robert Contee III, diretor assistente do FBI, em uma coletiva de imprensa nesta semana.

O ambiente acadêmico também tem enfrentado tensões consideráveis, com universidades como Harvard e Cornell sendo palco de ameaças. Em resposta, o governo Biden anunciou medidas para combater a discriminação, incluindo a simplificação de processos de queixa em campi universitários.
A Europa não escapou do aumento de atos discriminatórios, com relatos de pichações de estrelas de Davi em Paris e um aumento de casos na Alemanha e no Reino Unido. A pichação de símbolos judaicos em edifícios e ataques a locais associados à comunidade judaica e ao Holocausto despertaram repúdio das autoridades locais e de grupos de defesa dos direitos humanos.
Organizações de direitos humanos alertam para a necessidade de os governos coletarem dados detalhados sobre incidentes discriminatórios, a fim de combater efetivamente o racismo e a discriminação estruturais. O alto número de vítimas civis em Gaza e Israel durante o conflito também serve como um lembrete trágico da urgência em promover a paz e a tolerância entre comunidades.