
Em meio à crescente crise humanitária na Faixa de Gaza, o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, trouxe esperanças para os brasileiros que estão retidos na região.
Em entrevista ao UOL News nesta quarta-feira (1°), Candeas afirmou que “há boas chances” de que os cidadãos brasileiros sejam autorizados a deixar Gaza até a sexta-feira (3). Ele alertou ainda que a crise humanitária na região tende a se intensificar nos próximos dias.
Nesta quarta-feira, estrangeiros começaram a deixar a Faixa de Gaza pela primeira vez desde o início do conflito entre Israel e o Hamas. Esse movimento foi possível graças a um acordo mediado pelo Catar, envolvendo Israel, Egito e o Hamas.
De acordo Candeas, nenhum brasileiro foi incluído na primeira lista, que conta com quase 500 nomes. “Pela primeira vez, estrangeiros são autorizados a sair da Faixa de Gaza. Acredito que em breve novas listas serão publicadas, e espero que nossos brasileiros estejam nelas”, afirmou.
“Estamos com essa expectativa, e os brasileiros de Gaza mais ainda. O desespero é idêntico em todos os níveis e queremos que eles saiam o mais rápido possível. A crise humanitária, que já é grave, vai se intensificar”, enfatizou Candeas.
O embaixador explicou que o Brasil não é o único país com cidadãos aguardando autorização para deixar Gaza e que estão em negociações para agilizar a saída dos brasileiros, incluindo-os em listas futuras.

“O Brasil continua com gestões de alto nível, como fizemos desde o início deste conflito, junto a Israel, Egito, Qatar e outros atores, para que os brasileiros estejam na próxima lista.”
Candeas descreveu a situação dos brasileiros retidos na região, destacando a contaminação do ar devido aos ataques e as condições de vida precárias enfrentadas diariamente.
“Ninguém aguenta um dia a mais em Gaza”, disse o embaixador. “Nesta semana, eles tiveram problemas de irritação nos olhos por causa do ar contaminado pelo bombardeio. Há até denúncias de uso de fósforo branco, amarelo. O ar está irrespirável.”
Apesar das dificuldades, o embaixador tranquilizou os parentes e amigos dos brasileiros, assegurando que eles estão recebendo assistência e se mantêm em condições satisfatórias, apesar do cenário caótico na região.
“É importante ficar claro que os brasileiros não dependem dos abrigos e nem dos depósitos de comida da ONU, nem da Cruz Vermelha. Eles fazem compra no mercado local, que ainda está de pé. Às vezes, eles vão a outra cidade”, esclareceu Candeas.
A expectativa é que, com as negociações em curso, os brasileiros e cidadãos de outras nacionalidades na mesma situação possam em breve retornar em segurança para suas casas e famílias.
Além das pessoas de outras nacionalidades, palestinos em estado grave de saúde também serão transportados para fora da Faixa de Gaza.