
Autoridades americanas e europeias iniciaram diálogos reservados com representantes ucranianos sobre contornos potenciais para negociações de paz com a Rússia, com o intuito de pôr fim ao conflito em curso, revelaram à NBC News fontes familiarizadas com as conversas, incluindo um alto funcionário dos EUA em exercício e um ex-funcionário.
Tais diálogos já incluíram temas sobre concessões que a Ucrânia poderia ter de fazer para alcançar um acordo de paz. Parte dessas conversas ocorreu durante um encontro do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, que reuniu representantes de mais de 50 países alinhados à Ucrânia, incluindo membros da OTAN.
O início dessas discussões reflete um reconhecimento da situação militar no terreno ucraniano e do panorama político nos EUA e na Europa.
Tais conversações emergiram em resposta às preocupações de um possível impasse na guerra e a sustentabilidade do apoio contínuo à Ucrânia. Há apreensão no governo Biden quanto à exaustão de forças ucranianas face a um suprimento russo percebido como inesgotável. Desafios no recrutamento na Ucrânia e protestos contra medidas de recrutamento de Zelensky também foram observados.
Além disso, a atenção pública ao conflito diminuiu desde o surgimento de tensões entre Israel e Hamas há quase um mês, causando preocupações quanto à viabilidade de se assegurar auxílio adicional para Kiev.
De acordo com a NBC, autoridades militares dos EUA usam internamente o termo “impasse” para descrever o estado do confronto na Ucrânia, considerando-o uma guerra de desgaste. Há também uma percepção de que a janela para discussões urgentes sobre a paz poderá fechar até o final do ano ou pouco depois.
Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, ressaltou que qualquer decisão é prerrogativa da Ucrânia, reafirmando o compromisso dos EUA em apoiar a defesa da liberdade e independência ucraniana.
A Casa Branca participou das discussões iniciais sobre o quadro das negociações de paz com a Ucrânia, mas não está ciente de outras conversas atuais sobre este tópico.

Biden expressou preocupação com a diminuição das forças ucranianas e o desafio de se garantir que haja pessoal competente para operar os equipamentos militares fornecidos. Um pedido de financiamento adicional para a Ucrânia está atualmente estagnado no Congresso, em parte devido à oposição de alguns republicanos.
Em meio a esses desenvolvimentos, não há sinais de que o presidente russo, Vladimir Putin, esteja pronto para negociações, e existe a crença entre as autoridades ocidentais de que ele espera que o apoio do Ocidente à Ucrânia diminua.
Tanto a Ucrânia quanto a Rússia enfrentam desafios para manter o ritmo do abastecimento militar, e a administração Biden já desembolsou bilhões em assistência de segurança para a Ucrânia desde a invasão russa em fevereiro de 2022, afirma a NBC.
O apoio público ao auxílio ucraniano está declinando, conforme apontado por uma pesquisa da Gallup, e há uma sensação crescente de que, apesar dos novos equipamentos e a possibilidade de mais tempo no campo de batalha, pode estar chegando a hora de considerar um acordo de paz.
Autoridades sugerem que, como estímulo para que Zelenskyy ponderasse negociações, a OTAN poderia oferecer garantias de segurança à Ucrânia, mesmo sem uma adesão formal à aliança.
Enquanto isso, as autoridades americanas avaliam que a Rússia poderia atacar infraestruturas críticas na Ucrânia neste inverno, tentando forçar condições adversas aos civis.
Enfatiza-se que, embora haja uma pressão crescente para um acordo, a posição oficial é de que os EUA não estão incentivando a Ucrânia a ceder território ou a aceitar um acordo de paz desfavorável.
Todavia, a comunidade de inteligência dos EUA não vê um fim iminente para o conflito, prevendo que o próximo ano poderá trazer uma guerra prolongada sem um resultado decisivo.