
Celso Amorim, assessor especial da Presidência, representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em reunião convocada pelo governo francês, de Emmanuel Macron, para discutir a situação humanitária em Gaza. Em seu discurso, ele classificou os ataques de Israel à população civil de Gaza como “genocídio” e fez apelos por medidas urgentes.
Amorim iniciou seu pronunciamento reiterando a condenação do Brasil aos ataques contra israelenses e à tomada de reféns. No entanto, destacou que atos bárbaros como esses não justificam o uso indiscriminado da força contra civis.
“Eu reitero a condenação do Brasil dos ataques terroristas contra os israelenses e a tomada de reféns. No entanto, atos bárbaros como esses não justificam o uso indiscriminado da força contra civis”, disse. “A morte de milhares de crianças é chocante. A palavra genocídio inevitavelmente vem à mente”.
O líder brasileiro fez um apelo por um cessar-fogo humanitário, ressaltando a importância de passagens seguras e desimpedidas para a entrada de ajuda humanitária em benefício de hospitais, escolas e creches.
“Um cessar-fogo humanitário é essencial. Passagens seguras e desimpedidas para a entrada de ajuda humanitária em benefício de hospitais, escolas e creches precisam ser respeitadas. A passagem de feridos deve ser garantida. É altamente perturbador que quase 100 funcionários das Nações Unidas tenham perdido suas vidas em Gaza”, afirmou.
Brasileiros retidos em Gaza e a espera por permissão de saída
O assessor especial da Presidência informou ainda sobre a angústia de cerca de 30 brasileiros e suas famílias, que estão há três semanas próximos à fronteira com o Egito aguardando permissão de saída.
Apesar da expectativa de que pudessem deixar a Faixa de Gaza, a lista divulgada por Israel não incluiu nenhum deles.
Brasileiros em Gaza falam sobre a situação neste momento para o @anitablian pic.twitter.com/cw3ApjceRi
— Rogério Anitablian?? ?? (@anitablian) November 9, 2023
Chamado por uma conferência internacional e a necessidade de reconhecimento do Estado Palestino
Amorim concluiu seu discurso fazendo um chamado por uma conferência internacional nos moldes do encontro de Anápolis em 2007, envolvendo um grande número de países para discutir uma solução para a região.
Ele enfatizou que a crise atual é o desafio mais perigoso para a paz mundial, com alto risco de se transformar em um conflito global. O assessor classificou como “indispensável” o reconhecimento de um Estado Palestino viável, convivendo lado a lado com Israel, como a única solução possível para o conflito de 75 anos.
“Essa não é só uma guerra entre Hamas e Israel. Isso é parte de um conflito maior, de 75 anos, que tem como raiz a falta de um território seguro para os palestinos”, disse.
“O reconhecimento de um Estado Palestino viável, convivendo lado a lado com fronteiras mutualmente acordadas com Israel, é a única solução possível.”

Leia abaixo a íntegra do discurso lido por Celso Amorim na conferência:
Gostaria de agradecer ao Presidente Macron por convocar esta reunião.
Nas palavras do Presidente Lula, ” inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra “.
Enquanto faço este discurso, continuamos aguardando ansiosos a saída dos brasileiros de Gaza.
A ação internacional em favor da população civil de Gaza é urgente.
O Brasil está contribuindo nas áreas de segurança alimentar e saneamento de água em Gaza.
Tendo fornecido à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) um total de US$ 20 milhões entre 2006 e 2016, estamos determinados a retomar nosso compromisso com a agência.
Uma contribuição financeira simbólica à UNRWA está sendo feita imediatamente. Uma contribuição mais substancial está sendo preparada e será anunciada em breve.
Um cessar-fogo humanitário é essencial.
Passagens seguras e desimpedidas para a entrada de ajuda humanitária em benefício de hospitais, escolas e creches devem ser respeitadas.
A saída dos feridos deve ser garantida.
É profundamente perturbador que quase cem membros da equipe da ONU tenham perdido a vida em Gaza.
Reitero a condenação do Brasil aos ataques terroristas contra o povo israelense e a tomada de reféns.
No entanto, tais atos bárbaros não justificam o uso de força indiscriminada contra civis.
A morte de milhares de crianças é chocante. A palavra genocídio inevitavelmente vem à mente.
Isso não é apenas uma guerra entre o Hamas e Israel. Isso faz parte de um conflito maior, de 75 anos, cuja raiz é a ausência de um lar seguro para o povo palestino.
O reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível.
Esta crise é provavelmente um dos desafios mais perigosos para a paz e segurança internacionais, com o maior potencial de se espalhar para um conflito global.
O Brasil considera que uma conferência diplomática onde uma solução política possa ser promovida, com a participação de um grande número de Estados, nos moldes da Conferência de Anápolis, é indispensável.
Muito obrigado.
Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram,clique neste link