“Voltamos à época da inquisição”, diz mulher chamada de “dama do tráfico” pelo Estadão

Atualizado em 17 de novembro de 2023 às 10:35
Luciane Barbosa no Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT), realizado nos dias 6 e 7 de novembro. Foto: reprodução

Luciane Farias, presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas e esposa de Clemilson dos Santos Farias, citado como um dos líderes do Comando Vermelho no estado, fez um apelo ao presidente Lula (PT) por políticas mais robustas de proteção aos defensores dos direitos humanos. A informação foi divulgada pelo UOL.

“Quero sensibilizar nosso presidente, que passou pelo sistema, a Janja que já visitou [unidades prisionais]. Talvez eles não tenham passado por tantas mazelas, porque o status é diferente. Queria que olhassem para gente, ativistas de direitos humanos, e criassem protocolos para nos proteger”, disse. “Queria que olhassem para mim como a esposa de uma pessoa que errou, mas não como uma criminosa.”

Luciane diz que o apelido “Dama do Tráfico”, atribuído a ela pelo Estadão, trouxe um “dano irreversível”. “Me sinto constrangida devido à alcunha que me imputaram nacionalmente”, afirmou.

Ela mencionou ter enfrentado ataques por participar de eventos oficiais em Brasília promovidos pelo governo Lula. “Pessoas que não apoiam essa causa me atacam nas redes sociais, o que afeta minha saúde mental”, disse.

A volta do “jornalismo de guerra” na cobertura da visita de ativista ao Ministério da Justiça. Por Marcos Sacramento
Luciane Barbosa. Foto: reprodução

Luciane também defendeu que familiares de detentos não devem pagar pelos erros dos que estão no sistema: “Parece que voltamos à época da inquisição e estou sendo apedrejada no meio da rua, sem defesa”.

Em agosto de 2018, o Ministério Público do Amazonas acusou Luciane e Clemilson de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Clemilson foi preso preventivamente em junho de 2018. Ambos negam as acusações.

Em janeiro de 2022, o casal foi absolvido em primeira instância, mas em outubro do mesmo ano, o Tribunal de Justiça do Amazonas os condenou após a presença de Luciane em eventos oficiais em Brasília.

Luciane recebeu uma sentença de 10 anos de prisão, enquanto Clemilson foi condenado a 31 anos, 7 meses e 3 dias. Ela tem direito a recorrer em liberdade.

“Como não tenho sentença, não sou condenada”, afirmou. “Por que eu não posso entrar na casa do povo? Eu voto, eu sou cidadã. Quero que ouçam minhas pautas”, disse, em referência ao Congresso Nacional.

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