
O presidente Lula afirmou que tem uma “crescente preocupação” com a situação de Essequibo, região da Guiana disputada com a Venezuela, e que o Mercosul não pode ficar “alheio” ao conflito. A declaração ocorreu na abertura da 63ª edição da reunião de chefes de Estado do bloco, que é formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
“Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra. Não precisamos de guerra, não precisamos de conflito. O que nós precisamos é construir a paz, porque somente com muita paz a gente pode desenvolver os nossos países”, afirmou o petista.
O mandatário ainda disse que o Brasil está disposto a fazer reuniões com os países para tratar sobre o tema e pediu que a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) atuem para buscar uma solução pacífica para o conflito.
“Um assunto importante que temos que debater é a questão do Essequibo. O Mercosul não pode ficar alheio ao tema”, prosseguiu.
No último domingo (3), a Venezuela realizou um referendo sobre a anexação de Essequibo. O território, que é maior que a Inglaterra, é atualmente controlado pela Guiana e o governo venezuelano reivindica como parte de seu país.
Além do conflito, o presidente também falou sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Ele diz que tem o “sonho” de concluir a negociação e revisar trechos da negociação, que ainda não se concretizou após anos de discussões entre os blocos.
Ele criticou os termos aceitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2019 e disse que herdou uma versão do acordo que menciona o Brasil “como se nós fôssemos seres inferiores, como se nós fôssemos países colonizados ainda”.
“As resistências da Europa ainda são muito grandes. Estranho a falta de flexibilidade deles de entender que nós temos ainda muita coisa para crescer”, avalia o presidente. Ele diz que os países europeus precisam entender que as nações do Mercosul querem se industrializar e precisam reconhecer a “credibilidade” dos mecanismo contra o desmatamento na região.
“Não existe nada que seja impossível a gente concretizar, mesmo essa tentativa de acordo com a União Europeia, está durando há 23 anos, mas a gente tem que continuar tentando fazer acordo com a União Europeia”, aponta.