Haddad defende rigor fiscal e diz que não tem ‘base progressista no Congresso’

Atualizado em 9 de dezembro de 2023 às 18:50
O ex-prefeito de São Paulo e atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Diogo Zacarias

Neste sábado (9), durante a Conferência Eleitoral de 2024 do Partido dos Trabalhadores (PT), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, realizou uma análise neste sábado sobre a agenda do governo Lula em 2023, destacando a resistência no Congresso em relação à aprovação de medidas de ajuste fiscal e ao aumento da arrecadação.

“A vida está fácil? Não está pelo seguinte: nós não temos uma base no Congresso progressista. Não estou falando mal ou bem, é um fato. Nós não temos uma diretoria mais arejada no Banco Central. É uma diretoria muito hawkish, muito durona. Começaram a baixar a taxa de juros só em agosto. E nós temos que trabalhar com o contexto político que temos”, declarou o ministro.

O ministro ressaltou que, a partir de janeiro de 2024, quatro diretores serão nomeados pelo presidente Lula, totalizando nove cadeiras na cúpula do BC, incluindo o chefe da instituição, Roberto Campos Neto, com mandato até 31 de dezembro de 2024.

Haddad contestou a ideia de que aumentar os gastos públicos é necessário para garantir o crescimento econômico no Brasil. “O governo possui projetos para aumentar a arrecadação, incluindo a taxação de fundos de super-ricos, já aprovada, e a retomada da tributação de grandes empresas com incentivos no ICMS, em processo.”

Fernando Haddad e Lula. Foto: Reprodução

O ministro criticou os “jabutis”, temas inseridos nos projetos pelos parlamentares sem relação direta com as propostas originais, que concedem privilégios fiscais a determinados setores ou grandes empresas. Ele destacou a resistência do Congresso em eliminar esses privilégios e a importância de aprovar leis para garantir um orçamento mais consistente em 2024.

Haddad reconheceu que recursos ficarão represados nos ministérios até o final de 2023, atribuindo isso à redução do número de servidores públicos. Ele mencionou a “PEC da Transição”, que aumentou os gastos em mais de R$ 160 bilhões para este ano, e apontou dificuldades na execução do orçamento devido à escassez de funcionários e obstáculos em licitações.

Ao abordar a questão dos juros, Haddad afirmou que as medidas apresentadas ao Congresso, junto com a Reforma Tributária sobre o consumo, criam condições para exigir a redução da taxa básica de juros.

“A gente cria as condições para exigir da autoridade monetária a redução do juro. Semana que vem vai para 11,75%. 11,75% para uma inflação de 4%, a distância é mais de 100%. Com tudo isso, talvez ainda chegaremos com 2 milhões de postos de trabalho”, contou Haddad.

No mesmo evento, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também discursou. Ela ressaltou a importância de aprovação do governo Lula dentro do Congresso para que não ocorra o mesmo que aconteceu com Dilma Rousseff em 2016.

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