
A cena na enfermaria de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Al-Nasr, no norte da Faixa de Gaza, é angustiante. Quatro bebês foram encontrados em estado de decomposição nas camas hospitalares.
Os corpos ainda estavam presos a fio e tubos destinados a mantê-los vivos. As imagens foram registradas por Mohamed Baalousha, repórter de Gaza do canal de notícias Al Mashhad, em 27 de novembro.
Devido à decomposição, os corpos dos bebês já estão escuros e desintegrando. Moscas e vermes rastejam pela pele de uma criança. Nas imagens, é possível observar mamadeiras e fraldas extras próximas aos bebês nos lençóis.
A região tem estado praticamente inacessível aos jornalistas nas últimas semanas devido à intensidade dos ataques de Israel. Contudo, durante a trégua de sete dias, Baalousha disse que conseguiu entrar no hospital para documentar o que restou.
Funcionários do hospital relataram ter sido forçados a evacuar às pressas em 10 de novembro, sob direção das forças israelenses. A equipe médica afirmou ter deixado as crianças na UTI porque não tinha os meios adequados para removê-las com segurança.
Um médico associado ao hospital, que não quis ser identificado, disse à CNN que duas crianças – uma de dois anos e um bebê de nove meses – morreram pouco antes da evacuação, mas que três ficaram vivas, conectadas aos respiradores. Segundo o profissional, vários bebês internados na UTI sofriam de doenças genéticas.
Em uma gravação de áudio, um funcionário do alto escalão do hospital conversa com um oficial do COGAT (Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios) sobre a evacuação da unidade. O oficial israelense garante que ambulâncias serão providenciadas.
“Vou providenciar a coordenação com o centro de primeiros socorros. Não se preocupe, estou perto do exército, vai ficar tudo bem”, garantiu o oficial do COGAT.
Entretanto, autoridades do hospital afirmaram que as ambulâncias nunca chegaram. “Muitos dos pacientes foram transportados pelas suas famílias, as ambulâncias não conseguiram chegar ao hospital”, disse o chefe dos hospitais pediátricos Al-Nasr e Al-Rantisi, Mustafa Al-Kahlout, em conferência de imprensa em 14 de novembro.