“Manter Capelli sem confiança absoluta seria um desastre”, avalia ex-ministro Cardozo

Atualizado em 11 de janeiro de 2024 às 23:46
Montagem de fotos de Ricardo Lewandowski e Ricardo Capelli
Ricardo Lewandowski e Ricardo Capelli – Reprodução

O ex-ministro José Eduardo Cardozo expressou sua opinião sobre a permanência de Ricardo Cappelli como secretário-executivo do Ministério da Justiça sob o comando de Ricardo Lewandowski. Em entrevista ao UOL News nesta quinta-feira (11), Cardozo destacou a importância da confiança absoluta entre o ministro e seu secretário-executivo, ressaltando que a falta dessa relação poderia resultar em um desastre.

“Se eu sou o ministro, não deixo na secretaria executiva uma pessoa na qual não tenha a mais absoluta confiança. O Cappelli mostrou-se muito competente, mas tem que ser alguém da minha relação pessoal. É ele quem vai assinar meus contratos”, afirmou Cardozo.

Ele enfatizou que a aceitação de um secretário-executivo sem uma convivência prévia seria prejudicial: “Se o Lewandowski tiver essa relação com o Cappelli, perfeito. Se não tiver, eu não aceitaria isso. Um ministro aceitar um secretário-executivo, que é o segundo homem do ministério, com quem não tenha convivência, é um desastre”.

Cappelli, por sua vez, afirmou a seus aliados que não pretende permanecer no cargo caso Lewandowski decida relegá-lo de suas responsabilidades atuais. Cardozo elogiou a escolha de Lewandowski como substituto de Flávio Dino, destacando os desafios significativos que o novo ministro enfrentará, especialmente na área da segurança pública, onde, segundo Cardozo, a União tem limitada capacidade de intervenção institucional.

O ex-ministro elogiou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em nomear Lewandowski, considerando-o uma escolha acertada devido à vasta visão e experiência do novo ministro na área jurídica. Ele descreveu Lewandowski como uma pessoa ponderada e humanista, com uma formação jurídica sólida.

Por outro lado, Wallace Corbo, professor de Direito da FGV-Rio, avaliou que Lewandowski não terá ganhos significativos ao assumir o cargo, tanto financeiramente quanto psicologicamente:

“Alguém que se aposentou como ministro do Supremo e vira ministro da Justiça não é um grande ganho financeiro e psicológico porque o desgaste é muito grande. Não veria essa ida como algum tipo de ganho pessoal, se não algum tipo de contribuição que o ministro acredita que possa realmente fazer.”

Corbo também apontou diferenças de postura entre Cappelli e Lewandowski, observando que Cappelli adotou uma postura negacionista em relação às questões policiais, enquanto Lewandowski apresenta uma abordagem mais alinhada à ampliação dos direitos fundamentais. Essa distinção ideológica foi destacada pelo professor como um ponto de contraste entre os dois membros do Ministério da Justiça.

Confira as entrevistas na íntegra:

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