
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), admitiu a existência de indícios de monitoramentos clandestinos dentro do órgão em entrevista ao Metrópoles nesta sexta-feira (2). O parlamentar, porém, negou envolvimento em pedidos de pesquisas ilegais ou na repassagem de informações confidenciais para beneficiar a família Bolsonaro, da qual é próximo.
“Acredito que uma minoria possa ter desvirtuado a Abin”, afirmou Ramagem, destacando que a maioria dos oficiais de inteligência atua corretamente em trabalhos de inteligência. Ele ressaltou sua confiança na integridade dos profissionais da agência.
Contudo, o deputado levantou suspeitas sobre a conduta de Paulo Fortunato, seu ex-subordinado na Abin, que ocupava o cargo de diretor de Operações. Fortunato foi afastado das funções e exonerado em outubro do ano passado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito de uma investigação sobre o uso do software espião First Mile.
Na casa de Fortunato, foram encontrados quase 170 mil dólares, levantando questionamentos sobre a origem do dinheiro. A defesa do ex-diretor alega que o valor faz parte de uma poupança da família.
“Então, eu que fiz toda a apuração e que gerou a expulsão dele, e que se demonstra que pode ter atividades ilícitas lá dentro, por que agora eu que estou sendo investigado?”, questionou em um trecho divulgado pelo jornal brasiliense. “Esse é absurdo da perseguição, esse é o absurdo de que se vê da pesca probatória. É isso que eu estava apurando”. completou.
Por fim, o bolsonarista avaliou que, em geral, os servidores da Abin atuavam sem cometer atos ilegais: “Eu acredito que na sua grande maioria, quase totalidade, deve ter sido para trabalhos de inteligência corretos. Que os oficiais de inteligência que trabalham ali são de bom trabalho”.
“Agência Brasileira de Inteligência tem as atribuições de combater espionagem industrial, proteção de conhecimento sensível, proteção de estruturas estratégicas como Itaipu”, explicou.
Apesar das alegações de Ramagem, a PF suspeita que ele usava a estrutura da Abin para passar as informações adquiridas ilegalmente para o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).