
Um vídeo apreendido pela Polícia Federal (PF) mostra o então presidente Jair Bolsonaro (PL) indicando a seus ministros durante uma reunião com teor golpista, em julho de 2022, que perderia as eleições que ocorreriam dali a três meses.
Naquela ocasião, as pesquisas de intenção de voto indicavam vantagem para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa (47% a 28% no primeiro turno e 57% a 34% no segundo, segundo o Datafolha divulgado em 22 de junho).
“Alguém tem dúvida do que vai acontecer no dia 2 de outubro? Qual resultado que vai estar às 22h na televisão? Alguém tem dúvida disso? Aí a gente vai ter que entrar com um recurso no Supremo Tribunal Federal… Vai pra puta que o pariu, porra. Ninguém quer virar a mesa, ninguém quer dar o golpe… Ninguém quer botar a tropa na rua, fechar isso, fechar aquilo… Nós estamos vendo o que está acontecendo. Vamos esperar o quê?”, disse Bolsonaro.
Em outro momento da reunião, o ex-presidente Jair Bolsonaro diz: "Ninguém quer virar a mesa, ninguém quer dar o golpe. Ninguém quer botar a tropa na rua, fechar isso, fechar aquilo. Mas estão vendo o que está acontecendo. Vamos esperar o quê?".
O trecho faz parte da gravação da… pic.twitter.com/RPu2xWhiuR
— GloboNews (@GloboNews) February 9, 2024
A reunião faz parte dos indícios usados pela PF para deflagrar a operação Tempo da Verdade, realizada na última quinta-feira (8), para investigar uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-chefe do Executivo no poder.
Segundo relatórios da PF, Bolsonaro utilizou a reunião para “coagir os ministros e todos os presentes a aderirem à desinformação ilícita apresentada”, abordando temas como fraude eleitoral e a alegada conexão do PT com o PCC.
O ex-presidente ainda lançou diversos ataques contra seu então adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e proferiu insultos repetidos aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
Ainda segundo relatórios da PF, “todos ora investigados, prestando-se o ato a reforçar aos presentes a ilícita desinformação contra a Justiça Eleitoral, apontando o argumento de que as Forças Armadas e os órgãos de inteligência do Governo Federal detinham ciência das fraudes e ratificavam a narrativa mentirosa apresentada pelo então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro”.
Além de Bolsonaro, participaram da reunião os ministros Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI), Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Defesa), Mário Fernandes (Secretaria-Geral) e Walter Braga Netto (ex-Casa Civil), que também foi postulante a vice na chapa do então presidente naquele ano.
A íntegra do vídeo, que estava no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ainda não veio à tona. Parte dos trechos foram divulgados pela colunista Bela Megale, do Globo.