
Nesta sexta-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quebrou o sigilo da gravação de uma reunião do alto escalão do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. No encontro, o político e seus ministros falam supostamente sobre a “dinâmica de golpe” em caso da vitória de Luís Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais. O momento aconteceu em 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto.
O registro foi aprendido no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o encontro foi o mote para que a Polícia Federal montasse a operação Tempus Veritatis para investigar o caso.
Nas imagens, Bolsonaro afirma que era preciso “reagir” antes das eleições porque não haveria “dúvidas de que a esquerda” venceria em virtude de supostas fraudes no sistema de votação. “Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros”, disse ele, em outro momento.
O ex-presidente foi corroborado pelos colegas e, de acordo com as transcrições da Polícia Federal e das imagens da reunião obtidas pelo jornal O Globo, mais oito pessoas pediram a palavra de modo mais substancial.
Foram eles: General Augusto Heleno, do GSI, o ex-secretário geral da República Mário Fernandes, o ex-ministro da CGU Wagner Rosário, ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o deputado federal Filipi Barros, ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e ex-advogado-geral da União, Bruno Bianco.
Saiba o que cada um disse na reunião
General Augusto, que era chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defendeu que era preciso agir ainda antes das eleições “contra determinadas instituições e determinadas pessoas”.
Mário Fernandes, Secretario-geral da República, queria que o TSE autorizasse que os três Poderes acompanhassem a apuração das eleições e falou em “uma alternativa se isso não acontecer”.
Wagner Rosário, do CGU, completou a fala do colega e afirmou que o órgão não tinha competência técnica para participar da Comissão de Transparência das Eleições e pediu apoio da PF e das Forças Armadas.
Ex-ministro da Justiça, Anderson Torres reforçou que os integrantes do governo iriam “se foder” em caso de uma vitória de Lula e citou que o cenário era “ameaçador”.
Deputado federal, Filipe Barros afirmou que um servidor do TSE demorou a entregar dados do sistema de votação depois de um suposto ataque hacker.
O ex-ministro da defesa Paulo Nogueira contou que estava “na linha de contato com o inimigo” devido à participação das Forças Armadas na Comissão de Transparência das Eleições.