A hora certa para prender Bolsonaro. Por Moisés Mendes

Atualizado em 11 de fevereiro de 2024 às 12:14
Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução)

Moisés Mendes

O duelo agora é entre os que querem e os que não querem a prisão imediata de Bolsonaro. Mas entre o querer e o não querer, está o tempo calibrado por Alexandre de Moraes.

Moraes não errou o tempo de quase nada até agora, no cerco aos golpistas. Todas as decisões tomadas, que liberam a Polícia Federal para agir, tiveram resultados inquestionáveis.

Juristas alinhados com o legalismo de direita entendem que Moraes exagera em algumas decisões, como a que impede que advogados de alvos da operação Tempus Veritatis conversem entre si.

Pesquise e tente encontrar alguma manifestação desses mesmos juristas sobre os desmandos de Sergio Moro e Deltan Dallagnol na Lava-Jato, cometidos não só contra Lula.

Eles também questionaram a prisão de Valdemar Costa Neto, depois transformada em preventiva e finalmente revisada nesse sábado, com a concessão de liberdade provisória.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. (Foto: Reprodução)

Mas na essência Moraes não erra. O ministro poderá errar em relação a um eventual pedido de prisão de Bolsonaro? Pode adotar uma medida drástica que não leve em conta os sempre citados tempos da Justiça e da política?

Defender ou não a prisão de Bolsonaro no curto prazo é o direito ao palpite de quem olha de fora, sem imaginar o que poderá vir pela frente – como ninguém imaginava que havia uma prova do golpe, gravada em vídeo, produzida pelos próprios golpistas.

Uma prova é decisiva para a compreensão do golpe e a definição dos personagens, a partir de Bolsonaro, Braga Netto e Augusto Heleno.

Uma dúvida passa por quase todas as abordagens sobre a prisão: é possível prender Bolsonaro hoje, mesmo com todas as provas disponíveis, sem que tal decisão provoque tumultos e até uma rebelião em massa da base do fascista? Uma prisão poderia martirizar Bolsonaro?

Na Bolívia, para pegar o exemplo mais recente, Luís Camacho, o grande líder da extrema direita, que chefiou o golpe contra Evo Morales em 2019, está preso desde dezembro de 2022.

Foi encarcerado por golpismo, quando exercia o mandato de governador de Santa Cruz de La Sierra, o Estado mais rico, na região do latifúndio da direita agrária boliviana.

Era o grande nome do fascismo e continuava desafiando Morales e o governo de Luis Arce com recados de que tentaria dar outro golpe. Diziam que era impossível prendê-lo.

Camacho está na cadeia e não aconteceu nada. Assim como está presa desde março de 2022 a laranja dos golpistas, a ex-senador Jeanine Añez, que se sentou na cadeira de Morales em nome dos militares.

Também foram presos todos os chefes militares das Forças Armadas e os Comandantes da Polícia Nacional, a PM federal que acionou o golpe. E não aconteceu nada.

Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes

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Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/