
Ladies & Gentlemen
A vaia pode fazer mais bem a um jogador do que o aplauso. Pode acordá-lo, pode tirar sua máscara, pode transformá-lo de menino mimado num homem.
Por isso entendo que a torcida brasileira acertou ontem ao vaiar Neymar. Em sua sabedoria tosca, o torcedor agiu como um pai que puxa pela orelha o filho mimado pela mãe.
Neymar pode ser a maior estrela da Copa de 2014, ou a maior decepção. Se ele entender a mensagem que as vaias passaram, as chances de que a primeira hipótese prevaleça são maiores.
Eu diria para ele: olhe para Messi. Ele não perde tempo arrumando e pintando o cabelo. Ele também não perde tempo se atirando no gramado aos berros em busca de faltas que não existiram. O minimalismo hemingwayniano do futebol de Messi é de uma simplicidade deslumbrante e eficiente. Sem perder sua exuberância natural, seu drible fácil, Neymar vai ganhar se trouxer para seu futebol alguma coisa do minimalismo de Messi.
Tenho para mim que o desempenho da seleção brasileira em 2014 vai estar diretamente atrelado a Neymar. Se ele brilhar, vocês podem até surpreender e bater a melhor seleção do mundo, a temível Argentina de Messi e Tevez.
Bronca de pai é bom para o filho. Mesmo minha mulher Chrissie, que discorda de mim em tudo, nisso concorda. As vaias que os torcedores, em sua boçalidade sábia e estridente, aplicaram a Neymar podem ser a chave do hexacampeonato brasileiro.
All the best.
Tradução: Erika K. Nakamura