
O perfil predominante de quem é CAC (Caçador, Atirador e Colecionador) e tem arma de fogo no país é homens (97%), casados (62%), com ensino médio (34,1%) e superior (33,3%) e moradores das regiões Centro-Oeste e Sul.
As profissões mais armadas são administrador (13,6%), comerciante varejista (7,5%) e produtor agropecuário (6,7%).
Os dados, baseados no recadastramento das 962.782 armas adquiridas no país durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), são do Sistema Nacional de Armas (Sinarm), da Polícia Federal (PF).
A maioria dos registros CAC está concentrada em áreas influenciadas pelo agronegócio, principalmente na pecuária, segundo um cruzamento do número de armas por município com suas populações realizado pelo Globo.
Os locais com maior concentração de armas de CACs são o Sul de Goiás, nas regiões de Rio Verde e Jataí; o Leste do Mato Grosso, no entorno do Parque do Xingu; todo o Norte gaúcho; e o interior de Santa Catarina e Paraná. Clevelândia (PR) se destaca como a líder da lista, com uma arma para cada 15 moradores.
Em quatro anos, o número de brasileiros que tiraram o certificado de CAC passou de 117.467, em 2018, para 783.385 no final de 2022.
O policial federal Roberto Uchôa, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, observa uma mudança no perfil dos atiradores, especialmente após 2017, quando a regulamentação do porte de trânsito foi estabelecida.
“Até aquele ano, eram os esportistas de fato que frequentavam os clubes. Esse público que chega depois quer o porte de trânsito. As pessoas começam a virar CAC porque querem andar armadas”, disse Uchôa.
A popularização dos registros CAC gerou tensões entre os atiradores mais tradicionais e os recém-chegados, que tendem a ser mais ideologicamente orientados e possuem menor poder aquisitivo.
“Por volta de 2018, começa a chegar uma turma com camiseta do Brasil, falando em Bolsonaro”, observou Uchôa.