“Guerra santa”: governo entende estratégia de Bolsonaro e estuda reação

Atualizado em 26 de fevereiro de 2024 às 14:22
O ex-presidente Jair Bolsonaro com bandeira de Israel durante ato na Paulista. Foto: Reprodução

O governo Lula avalia que Jair Bolsonaro tentou criar uma “guerra santa” entre evangélicos e a gestão petista em seu ato na Avenida Paulista neste domingo (25). Os religiosos são base de apoio do ex-presidente e foco de políticos bolsonaristas. A informação é da CNN Brasil.

A estratégia de usar o povo evangélico contra Lula e o PT já foi usada durante a campanha eleitoral das eleições de 2022, com temas como aborto e fake news sobre fechamento de igrejas. A estratégia dessa vez é focada na declaração do petista, que comparou os ataques israelenses a Gaza ao Holocausto.

Segundo um auxiliar direto do presidente, Bolsonaro quer se aproveitar das declarações para jogar religiosos contra ele e revigorar o discurso adotado na campanha eleitoral, que foi vista como eficiente na ocasião.

Membros do governo acreditam que os discursos de Bolsonaro e seus aliados devem ser usados como “cortes” nas redes sociais para gerar revolta no eleitorado evangélico. Bolsonaristas como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e o pastor Silas Malafaia se aproveitaram da crise entre os governos do Brasil e de Israel para manifestar apoio ao premiê Benjamin Netanyahu.

Bolsonaristas usaram bandeira de Israel durante ato de Bolsonaro na Paulista. Foto: Reprodução

Prevendo os resultados da “guerra santa”, o governo estuda algumas reações. Nas próximas semanas, o Planalto deve estudar e articular um recuo na medida anunciada pela Receita Federal que anulou ato do governo Bolsonaro que ampliava a isenção de tributos pagos por igrejas.

O ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, também tem conversado com integrantes da Frente Parlamentar Evangélica e da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para articular um acordo com a Receita Federal.

Ele, que é evangélico da Igreja Batista, também tem apresentado ações do governo benéficas às igrejas a lideranças religiosas. O governo tem tentado costurar uma série de ações para lançar um pacote de políticas públicas que tenham apoio de evangélicos.

Auxiliares do presidente também avaliam que o ato de Bolsonaro foi usado para reforçar a narrativa de “perseguição política” do Supremo Tribunal Federal (STF) contra ele e para tentar construir uma tese jurídica de que o ministro Alexandre de Moraes deveria ser impedido de julgar os casos envolvendo o ex-presidente.

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