
Loteamentos ilegais
A denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) lista uma série de projetos de interesse dos irmãos Brazão, que enfrentaram resistência por parte da vereadora e do PSOL, seu partido, na Câmara Municipal.
Conforme a procuradoria, os irmãos “possuíam interesse econômico direto na aprovação de normas legais que facilitassem a regularização do uso e da ocupação do solo, bem como o respectivo parcelamento, especialmente em áreas de milícia e de loteamentos clandestinos na cidade do Rio”.
“Qualquer embate ou disputa nesse campo específico da política municipal representava, portanto, uma ameaça a seus negócios e a dos diferentes grupos de milícias com os quais se associaram”, afirma a PGR na denúncia.
A procuradoria também cita o histórico de desavenças entre os irmãos Brazão e o então deputado estadual Marcelo Freixo, que hoje ocupa o cargo de presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).
O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, presidida por Freixo na época, apontou que os irmãos eram os “beneficiários do curral eleitoral formado pela atuação da milícia de Oswaldo Cruz”, segundo a PGR. Vale destacar que na época, em 2008, Marielle era assessora de Freixo.
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De acordo com a procuradoria, tudo isso “contribuiu para elevar o estado de animosidade entre os irmãos Brazão e o PSOL”. O cenário mudou ainda mais quando Marielle se tornou vereadora e começou a confrontar os interesses dos irmãos.
“Nas divergências sobre as políticas urbanísticas e habitacionais, os irmãos Brazão perceberam a necessidade de eliminar a vereadora. Se antes João Francisco [Chiquinho] aprovava sem dificuldades as suas pautas de interesse, a chegada de Marielle mudou radicalmente esse quadro”, pontua a procuradoria.
A denúncia ainda destaca que Marielle se tornou “a principal opositora e o mais ativo símbolo da resistência aos interesses econômicos dos irmãos”. “Matá-la significava eliminar de vez o obstáculo e, ao mesmo tempo, dissuadir outros políticos do grupo de oposição a imitar-lhe a postura”, aponta a PGR.