
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), publicou um vídeo na última quarta-feira (8) afirmando que caminhões de suprimentos enviados de seu estado para o Rio Grande do Sul foram barrados e multados em postos de fiscalização nas estradas.
No vídeo divulgado em suas redes sociais, o apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece ao lado de um servidor da Defesa Civil de Florianópolis, que teria sido multado duas vezes: uma por excesso de carga e outra por não pagar o pedágio.
“Quero fazer essa manifestação: a ANTT precisa revisar urgentemente os seus procedimentos. Não é fake news, é um absurdo o que está ocorrendo. Acho que a pessoa tem que ter discernimento, quem está nesses postos, para ver como isso aconteceu”, disse Jorginho.
NÃO É FAKE NEWS: CAMINHÃO COM DOAÇÕES DE SC É NOTIFICADO POR ÓRGÃO FEDERAL
Este vídeo é um apelo urgente: ANTT, não interrompa nem multe os caminhões carregados com doações para o Rio Grande do Sul.
Faço este pedido após saber do servidor da Defesa Civil de Florianópolis,… pic.twitter.com/AJAoFqYleO
— Jorginho Mello (@jorginhomello) May 8, 2024
No X (antigo Twitter), a jornalista Amanda Miranda disse que solicitou via Lei de Acesso à Informação (LAI) a íntegra da notificação/multa que o governador bolsonarista alegou que o servidor recebeu do órgão federal durante o transporte de doações para o estado gaúcho, no entanto, os papéis que Jorginho segura durante o vídeo é “tudo cenográfico”.
“Sabe esses papéis aqui que o Pinóquio segurava no vídeo falando em cargas humanitárias retidas pelo governo federal? Tudo cenográfico! Solicitei primeiro à comunicação e depois via Lei de Acesso à Informação a íntegra de notificação/autuação/multa e o governo de SC não tem”, disse Miranda.
Segundo a jornalista, o governo catarinense disse que os documentos estavam com a Defesa de Civil de Florianópolis.
“Mas então o que são esses papéis nas mãos do governador que dão efeito de verdade à narrativa desinformativa que ele tentou emplacar? Por que não me disseram já na quarta que não eram do estado?”, questionou.
“Se o governador gravou esse vídeo com esses papéis e um profissional fardado ao seu lado o mínimo que se esperava é que eles tivessem algum poder comprobatório. Mas falta de transparência é isso! Triste fim da comunicação pública!”, afirmou a jornalista.
Sabe esse papéis aqui que o Pinóquio segurava no vídeo falando em cargas humanitárias retidas pelo governo federal? Tudo cenográfico!
Solicitei primeiro à comunicação e depois via Lei de Acesso à Informação a íntegra de notificação/autuação/multa e o governo de SC não tem… pic.twitter.com/gxxI73YhmS
— Amanda Miranda (@amanda_miranda) May 11, 2024
Se o governador gravou esse vídeo com esses papéis e um profissional fardado ao seu lado o mínimo que se esperava é que eles tivessem algum poder comprobatório. Mas falta de transparência é isso! Triste fim da comunicação pública!
— Amanda Miranda (@amanda_miranda) May 11, 2024
Em nota, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) negou reter veículos de carga nas vias de acesso ao estado gaúcho durante o período da tragédia. Segundo o órgão, os caminhões que transitam nas rodovias que dão acesso ao Rio Grande do Sul passam por um procedimento simplificado de fiscalização e são liberados para seguir viagem.
Além disso, a agência esclareceu que não há solicitação de nota fiscal e nem aplicação de multas sobre veículos que transportam doações.