
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta terça-feira (14) cinco ex-agentes da ditadura por envolvimento na morte de Carlos Marighella, um dos principais líderes contra o regime militar.
Marighella, que liderava a Aliança Libertadora Nacional (ALN), organização de resistência armada ao regime militar, foi morto em 4 de novembro de 1969 na Alameda Casa Branca, na Zona Oeste de São Paulo.
Entre os denunciados estão quatro ex-agentes que participaram do ataque a Marighella: Amador Navarro Parra, Djalma Oliveira da Silva, Luiz Antônio Mariano e Walter Francisco. Eles irão responder por homicídio qualificado.
Além dos ex-agentes, Henry Shibata, ex-integrante do Instituto Médico Legal (IML), foi denunciado por falsidade ideológica. Shibata foi um dos peritos que forjaram o laudo necroscópico de Marighella, com a omissão de informações que demonstravam a ocorrência da execução sumária.

O documento deixou de apontar, por exemplo, as evidências sobre a curta distância dos tiros e a descrição de lesões que indicavam a tentativa da vítima de se proteger dos disparos.
“Carlos Marighella foi vítima de uma emboscada previamente organizada e coordenada, e sumariamente executado por agentes da repressão, com a participação dos denunciados”, disse um trecho da denúncia.
“Marighella morreu imediatamente no local, sem que tivesse tido chances de se defender. A todo o tempo esteve sentado no banco traseiro do veículo, sem que pudesse correr, fugir ou reagir”, acrescentou o órgão.
A denúncia é assinada pelo procurador da República Andrey Borges de Mendonça. Segundo Mendonça, a intenção da repressão, desde o início, “era matar Marighella, e não o prender com vida”.