O empresário Orestes Bolsonaro Campos está prestes a enfrentar o júri popular na capital paulista, após ser acusado de tentar matar sua ex-mulher e seu namorado enquanto dormiam em Barra do Turvo (SP). A mudança do local do julgamento foi determinada pela 3ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça (TJ-SP), que citou a “influência” da família Bolsonaro na região como justificativa para a transferência do caso do Vale do Ribeira para a capital.
Orestes, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e filho de Denise Bolsonaro, irmã do político, é acusado de agredir o namorado de sua ex-companheira com um pedaço de madeira de eucalipto e de efetuar disparos de arma de fogo dentro da residência dela após invasão.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) solicitou o “desaforamento”, a transferência do julgamento para a capital, citando o domínio político e econômico da família na região.
O desembargador Gilberto Ferreira da Cruz, relator do pedido de desaforamento, destacou a relevância da tese de “influência política e econômica” da família Bolsonaro na região, levantando preocupações sobre a imparcialidade do julgamento.
A defesa de Orestes, conduzida pelo advogado Alexander Neves Lopes, ressaltou que a prova apresentada sustenta a versão do réu, independentemente de possíveis influências na região.
O advogado e professor de Direito Ricardo Ponzetto explicou que o “desaforamento” é o deslocamento do local do julgamento para garantir imparcialidade, celeridade ou segurança. No caso de Orestes, a transferência visa assegurar um julgamento justo diante das circunstâncias.
O episódio ocorreu em outubro de 2020, quando o namorado da ex-mulher de Orestes relatou uma agressão enquanto dormiam. O homem conseguiu se defender e escapar, mas a situação se agravou no dia seguinte, culminando em uma briga entre ambos.