
Metade dos moradores de São Paulo acredita que a segurança no Centro da cidade piorou nos últimos dois meses, de acordo com uma pesquisa do Instituto Travessia realizada para o Globo com foco nas eleições da capital paulista.
Apenas 10% notaram alguma melhora na região, enquanto 35% afirmam que a situação permaneceu igual durante esse período. A percepção de declínio na segurança é maior entre os residentes do Centro, com 55% relatando uma piora desde março.
Dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública (SSP) mostram que o número de roubos caiu 6,7% em 2023 na capital, enquanto os furtos aumentaram 6,53%. No ano passado, a cidade registrou mais de 380 mil crimes dessa natureza.
A sensação de insegurança foi intensificada pelo modus operandi violento do crime, especialmente pelas gangues “quebra-vidro”, que aumentou a preocupação dos paulistanos.
Uma das respostas do poder público foi a adoção de fuzis pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) a partir de 2021, medida implementada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição. A medida é apoiada por 48% dos moradores, enquanto 45% se opõem e 7% não opinaram.
Além da segurança, a pesquisa do Instituto Travessia revelou uma impressão negativa dos paulistanos sobre a Cracolândia: oito em cada dez moradores percebem um crescimento da região nos últimos 12 meses.

Ao lançar sua pré-campanha, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) criticou Nunes, afirmando que seu legado foi “espalhar a Cracolândia pelo Centro inteiro”. A deputada Tabata Amaral (PSB), outra pré-candidata, declarou ao Globo que não há “resposta fácil” para a região e defendeu um “trabalho ostensivo”, sem dar detalhes.
Há divergências entre os paulistanos sobre quem deve resolver a questão da Cracolândia. Quase metade (44%) atribui essa responsabilidade à prefeitura, enquanto outros apontam os governos estadual (23%) e federal (26%) como responsáveis.
Em relação à orientação política, a pesquisa revelou que 23% da população se identifica como de “direita”, 17% como de “centro” e 12% como de “esquerda”. A maioria (40%) não está alinhada a nenhum dos lados do espectro político.
Apoio às políticas públicas para a comunidade LGBTQIAP+ é expresso por 52% dos paulistanos, enquanto 14% são contra e 34% não têm opinião.
Já a privatização da Sabesp, defendida pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), é apoiada por 43% dos moradores da capital e rejeitada por 48%. A maioria (55%) acredita que a conta de água vai aumentar após a venda da companhia, enquanto 20% esperam uma redução, conforme prometido pelo governo.