Líder da Renascer nega “projeto de poder” evangélico, mas defende politização cristã

Atualizado em 30 de maio de 2024 às 12:21
Estevam Fernandes, líder da Renascer em Cristo. Foto: reprodução

Com a presença de políticos ligados ao bolsonarismo, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), São Paulo é palco da 32ª edição da Marcha para Jesus nesta quinta-feira (30), evento que atrai milhares de fiéis e outras figuras políticas em busca de aproximação com o público cristão.

O apóstolo Estevam Hernandes, presidente do evento no Brasil e líder da Igreja Renascer em Cristo, é conhecido por seu apoio a Bolsonaro. “Sou partidário das ideias e também das convicções e pautas que o Bolsonaro sempre defendeu”, afirmou Hernandes em entrevista à Folha. No entanto, ele ressaltou que “a igreja não tem partido, a igreja é apartidária. Há alguns líderes que acabam misturando esse aspecto”.

“Embora a gente não tenha todos os dados oficiais, nós representamos 40% da população. A Igreja não tem projeto de poder, mas ocupar esses espaços [na política] é fundamental para que a gente possa defender nossos valores”, completou.

Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também tenha sido convidado, ele ainda não participará. Desde 2009, a Marcha para Jesus está oficialmente no calendário de eventos do país, e a participação de figuras políticas é uma constante.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que compareceu a edições anteriores, permanece uma figura divisiva entre os evangélicos. Uma pesquisa Datafolha realizada antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2022 mostrou que Bolsonaro era a escolha de 49% dos evangélicos, enquanto Lula tinha 32% das intenções de voto.

Durante o governo Bolsonaro, diversos cultos foram realizados por evangélicos no Palácio do Planalto. Hernandes apontou que “nesse novo governo não houve isso até agora, e claro que mais por falta de iniciativa do próprio governo, do que disposição das pessoas em irem orar”.

Com o tema “Dupla Honra”, uma referência ao texto bíblico de Isaías 61, a edição deste ano espera atrair cerca de dois milhões de pessoas. Hernandes enfatiza que o evento é inclusivo, reunindo membros de diferentes denominações cristãs, como pentecostais, neopentecostais e católicos. “Não tem barreiras e divisões, não tem igreja A, B ou C, mas todos são unânimes em marchar ali por Cristo”, disse Hernandes.

Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes na Marcha para Jesus em 2023. Foto: reprodução

A trajetória de Hernandes inclui momentos controversos. Em 2007, ele e sua esposa, Sonia Hernandes, foram detidos nos Estados Unidos por não declararem US$ 56,4 mil, mas em 2012 foram absolvidos pelo Supremo Tribunal Federal da acusação de lavagem de dinheiro. “Foi um tempo bastante complicado e eu tenho as marcas daquilo, mas tenho total tranquilidade em relação a esse assunto, porque quem me justifica é o Senhor”, refletiu.

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