
Os brasileiros produzem anualmente um montante de resíduos sólidos urbanos (RSU) – conhecidos como lixo – suficientes para encher 2.000 estádios do Maracanã. Ao todo, são quase 80 milhões de toneladas. No mundo o volume aumenta todo ano e previsões apontam que deve saltar quase 80% até 2050, batendo 3,8 bilhões de toneladas.
Os dados são de um estudo feito com exclusividade para a série Além do Lixo, da Folha de S.Paulo, pela consultoria S2F Partners com cálculos do grupo GMWO2024. Ao serem descartados, os resíduos iniciam uma trajetória cara e não pensada pela população: coleta, transporte, triagem, aterramento e – se tiver – reciclagem.
Em 2020, esses custos diretos foram R$ 30,5 bilhões, pagos com recursos públicos municipais. No Brasil, apenas 4% dos resíduos coletados são reciclados, como pontua a Folha. Em contraste, cerca de 380 quilos por ano são descartados pelos brasileiros em lixões a céu aberto, como córregos, rios e o mar – causando danos que contaminam o solo e as águas, com prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente.
O estudo ainda aponta que o impacto de todas essas falhas na gestão de resíduos, somados os custos ambientais e climáticos da poluição com os respectivos danos à biodiversidade e à saúde humana, foi da ordem de R$ 97 bilhões em 2020.
Se o mundo não encontrar uma maneira de tornar esse modelo eficiente e sustentável, em 2050 esses custos indiretos da crise do lixo podem chegar a R$ 135,9 bilhões – sem calcular o mais importante: o potencial impacto na qualidade de vida de todos os seres vivos.