
Insatisfeita com o alto custo do programa dos caças Gripen, a Força Aérea Brasileira (FAB) está avaliando a possibilidade de adquirir um lote de aeronaves F-16 usadas dos Estados Unidos. Essa alternativa serviria como uma solução temporária para a defesa do país.
Em nota divulgada na sexta-feira (14), a FAB esclareceu que a análise dos F-16 não está relacionada às capacidades do Gripen e que não há negociações em andamento com governos ou empresas. “As únicas interações sobre o tema tiveram como objetivo o levantamento de dados”, informou a FAB.
O programa dos Gripen inclui produção nacional pela sueca Saab e transferência de tecnologia, mas enfrenta dificuldades financeiras e de cronograma. Diversos atrasos orçamentários e a guerra na Ucrânia, que pressionou a Suécia a acelerar suas entregas de Gripen, contribuíram para a situação.
A desativação iminente do avião de ataque Embraer AMX, prevista para o final de 2025, aumenta a urgência de encontrar uma solução.
A FAB enfrenta um dilema: a substituição dos AMX e F-5 pelos F-16 poderia ser uma solução rápida e menos custosa, embora prejudique o programa de transferência tecnológica dos Gripen. O governo brasileiro está tentando negociar a compra de mais 14 Gripen, além dos 36 já encomendados, mas enfrenta restrições orçamentárias.

Conforme revelado pela Folha de S.Paulo em setembro do ano passado, o governo está propondo um negócio casado, onde venderia alguns cargueiros Embraer KC-390 para a Suécia em troca de adquirir mais Gripen. Este acordo poderia custar cerca de R$ 5 bilhões.
O F-16, amplamente disponível em estoques mundiais, é uma opção atrativa por seu custo relativamente baixo. Em abril, a Argentina fechou a compra de 24 F-16 usados da Dinamarca por US$ 300 milhões. O Brasil estaria interessado em 24 F-16 da geração C/D, que são menos obsoletos do que os modelos adquiridos pela Argentina.
Atualmente, a defesa aérea do Brasil depende de 47 F-5 modernizados e 30 AMX, muitos dos quais estão próximos da aposentadoria. Os F-16 poderiam cumprir um papel similar ao dos 12 Mirage-2000 comprados da França em 2006, que serviram como tampão até 2013.
A possibilidade de adquirir ou alugar Gripen C/D usados da Suécia também está sendo considerada. Esta opção pode manter a continuidade do programa Gripen enquanto a FAB trabalha para garantir recursos para mais unidades da Saab.
A decisão da FAB de estudar a aquisição dos F-16 reflete a complexa realidade financeira e estratégica da defesa aérea brasileira. Se a compra dos F-16 for adiante, poderá impactar a percepção e viabilidade do programa Gripen no Brasil e internacionalmente.