As disputas e narrativas bolsonaristas em esquema de joias ilegais, segundo a PF

Atualizado em 9 de julho de 2024 às 13:25
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: reprodução

O relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a venda ilegal de joias sauditas revela uma disputa intensa por espaço e protagonismo no bolsonarismo, além de uma estratégia de desinformação e ataques à imprensa para desviar a atenção das investigações, conforme informações da jornalista Daniela Lima, do G1.

Em um dos áudios, o advogado Frederic Wassef orienta o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a manter uma defesa genérica, classificando o caso como fake news e evitando detalhes legais, pois “o povo não tem tempo para ler e nem vai entender isso”.

O processo revela que, apesar dos ataques sistemáticos à mídia, o grupo próximo a Bolsonaro acompanhava de perto as notícias da grande imprensa sobre o caso, repassando ao ex-mandatário várias menções às diferentes versões de defesa apresentadas ao longo da crise.

Um áudio enviado por Wassef a Bolsonaro destaca a obsessão por ocupar espaço e a disputa interna pela atenção do ex-presidente. O contexto mostra desavenças entre Wassef e Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, que também atuava como defensor formal do ex-presidente.

Wassef tenta convencer o ex-chefe do Executivo a adotar uma defesa genérica que permita mudar a estratégia a qualquer momento, resumindo o episódio como “fake news” e “armação”.

Wassef falou à Polícia Federal muito mais do que devia | Metrópoles
Wassef e Bolsonaro. Foto: reprodução

“Presidente, eu te mandei só uma pequena amostra das centenas de matérias que explodiram no Brasil inteiro, inclusive, nos Estados Unidos também, que a imprensa americana, eu fiquei sabendo que publicou. [SIC] Então, os principais jornais do Brasil, Folha de São Paulo, Estadão, Globo, UOL, Metrópoles, tudo que você imaginar está a nota na íntegra, com as mensagens que interessam”, disse Wassef a Bolsonaro em 8 de março de 2023, defendendo a nota que havia produzido para o caso.

Ele acrescenta: “Mensagem de massa, para o povo, para o público. Mensagem de subconsciente, que qual que é? ‘Presidente Bolsonaro é honesto! Agiu na lei! Declarou! Isso é armação e fake news. Nunca teve um caso de corrupção em quatro anos de governo! Isto é perseguição política, procurando pelo em ovo!’”.

“Esta mensagem simples, curta e grossa é que tem que ir para o público. Sem adentrar em detalhes, em questões de leis e nem nada porque o povo não tem tempo pra ler e nem vai entender isso. A mensagem que é um tiro de canhão que nós falamos tudo que interessava, sem falar nada que compromete a defesa e estratégia de defesa, está aí. Todos estão elogiando! Todos!”, conclui.

Apesar de seus esforços, Wassef foi excluído da defesa formal do ex-capitão. Além disso, documentos da PF mostram que ele foi aos Estados Unidos recomprar um dos kits de joias desviados da Presidência para ajudar Bolsonaro.

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