VÍDEO: Lula diz que Silvio Santos o procurou com medo de ser preso na quebra do Banco PanAmericano

Atualizado em 18 de agosto de 2024 às 17:34
Lula e Silvio Santos. Foto: reprodução

Neste domingo (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relembrou um encontro com Silvio Santos durante um dos momentos mais difíceis da vida do apresentador: a descoberta de uma fraude bilionária no antigo Banco PanAmericano, agora conhecido como Banco PAN.

“Posso contar pra vocês uma coisa da seriedade do Silvio Santos. Quando teve aquele golpe no banco PanAmericano, o Silvio me procurou aqui muito preocupado. Eu era presidente da República, ele estava com medo de ser preso”, recordou Lula.

Em novembro de 2010, o banco fundado por Silvio Santos foi resgatado pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para evitar uma liquidação pelo Banco Central, após ser descoberto um rombo bilionário escondido pela instituição.

Vale destacar que executivos do banco foram acusados de fraude contábil, e, no ano seguinte, o PanAmericano foi vendido para o BTG Pactual. Em 2018, sete executivos foram condenados por essas irregularidades.

Lula completou: “Eu dizia: ‘Silvio, primeiro, não há por que te prender. Nós vamos fazer uma investigação, o Banco Central vai ajudar a cuidar disso, o Ministério da Fazenda, e vamos ver como a gente resolve o problema’. E o problema foi resolvido.”

O presidente ainda elogiou Silvio Santos, destacando: “Ele deu como garantia inclusive a televisão dele [SBT]. E eu achava mais interessante porque ele ia no programa dele e contava a história dele. Não tinha vergonha de dizer quem ele era. Eu achava o Silvio Santos um homem de bem, de caráter, respeitoso. E que não gostava de falar mal de governo, não interessava de quem fosse o governo”, adicionou.

Assista abaixo:

O caso do Banco PanAmericano

A Piauí deu uma matéria, assinada por Consuelo Dieguez, em dezembro de 2011,  detalhado sobre a fraude no Banco PanAmericano. Confira trechos:

Durante quarenta anos, Luiz Sebastião Sandoval trabalhou para o Grupo Silvio Santos, 28 dos quais na presidência da holding que controlava as empresas do apresentador e dono do SBT. Entre os negócios que comandava, estava o Banco PanAmericano, responsável pelo melancólico fim de sua carreira de executivo. Com um modesto patrimônio de 1,6 bilhão de reais, o banco de Silvio Santos protagonizou, no ano passado, o maior escândalo financeiro da década.

Em setembro de 2010, o Banco Central descobriu uma fraude de 2,5 bilhões de reais engendrada por seus executivos – a conta subiu para 4,3 bilhões após novos cálculos feitos pelo Fundo Garantidor de Créditos dos bancos.

Criado para socorrer instituições em dificuldades, o fundo colocou dinheiro no PanAmericano para evitar sua quebra. O caso foi parar na Polícia Federal, que indiciou Sandoval e todos os executivos do banco. O inquérito beira as 2 mil páginas e será encaminhado à Justiça, que decidirá se condena ou não os envolvidos.

Sandoval é um homem franzino de calva acentuada e 67 anos. […] 

“Eu ficava no controle da holding. Recebia os relatórios das auditorias feitas no PanAmericano que indicavam que o banco estava em perfeita saúde financeira. Como eu poderia imaginar que os executivos tinham montado uma fraude sem tamanho?”, defendeu-se. […]

Para complicar ainda mais a história, o governo está metido até a alma na confusão. Em janeiro de 2009, os executivos do PanAmericano, além de Luiz Sandoval e do próprio Silvio Santos, convenceram o governo de que seria um ótimo negócio para a Caixa Econômica Federal ficar dona de 49% do capital montante pela bagatela de 739,2 milhões de reais.

Na negociação, ficou estabelecido que, mesmo despejando essa dinheirama na instituição, a Caixa não participaria da sua operação, o que é totalmente fora dos padrões. Teria direito apenas a participar do conselho de administração, cuja função é dizer sim ou não para as decisões dos executivos. […]

Sandoval rumou ao PanAmericano após a reunião e encontrou Palladino com os cabelos despenteados. “Ele tem mania de desarrumar os cabelos quando fica nervoso”, contou. Ao vê-lo, Palladino disse que estavam com um problema com o Banco Central. “Descobriram um erro contábil de 2,5 bilhões de reais”, revelou. Sandoval arregalou os olhos ao relembrar a história. “Erro? Isso não é erro. Isso quer dizer que temos um rombo maior que o patrimônio do banco.” Mandou então que viessem os outros executivos.

O primeiro a chegar foi o diretor-financeiro, Wilson de Aro. Sandoval pediu explicações e ouviu do executivo que a responsabilidade era dele, de Aro. Ele montara a fraude ao não registrar no balanço do banco as vendas das carteiras de crédito para outras instituições financeiras.

Assim, o PanAmericano demonstrava ter muito mais créditos a receber do que na realidade teria. Com isso, registrava lucros fictícios, mas que resultavam em pagamento de bônus generosos para seus executivos, dos quais também se beneficiavam Sandoval e Silvio Santos.

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A entrada do banco BTG Pactual no negócio tornou o caso mais nebuloso. Após assumir a dívida de 2,5 bilhões de reais, Silvio Santos foi surpreendido com a nova conta apresentada pelo Fundo Garantidor, afirmando que o rombo real era quase duas vezes maior.

O apresentador disse que não tinha condições de arcar com aquele rombo. O governo mandou-o entregar o banco em troca das dívidas – e içou o BTG Pactual como sócio. O que surpreende foram as facilidades concedidas ao comprador. O BTG Pactual, de André Esteves – também com histórico de doações para campanhas do PT –, ficou com 51% das ações do banco por módicos 450 milhões de reais, a serem pagos até 2028.

Os ex-executivos do PanAmericano tampouco se saíram mal. Com a distribuição dos lucros e dividendos fictícios, Wilson de Aro, Palladino e o diretor jurídico compraram imóveis luxuosos. O de Palladino é uma cobertura de 6 milhões de reais.[…}

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