Por Ana de Hollanda
Em relação às denúncias de assédio do ministro Silvio Almeida, eu confesso que, inicialmente, fiquei arrasada e revoltada com ele, em quem todos depositamos muitas esperanças.
Mas, depois que fui acompanhando as informações, as denúncias e sua demissão sumária, ao mesmo tempo em que lia a troca de mensagens de dois amigos, incluindo demonstrações de afeto e admiração recíprocas, e via também a resistência dele, assim como sua disposição de apresentar provas contrárias ao que se atribuía a ele, me veio a dúvida.
Afinal, numa eventual liberdade que pode existir entre amigos, não é impossível que algum dos dois – não importa o sexo – confunda as coisas e acredite que possa haver uma atração física entre eles.
Acredito que muitas de nós já vivemos situações semelhantes. Nessas ocasiões, é importante deixar claro que não há interesse em nada além da amizade.
Se, por acaso, tal mal-entendido ocorrer, isso não deve ser encarado como um drama. Ninguém abusou de ninguém; houve apenas uma interpretação equivocada.
Mulheres adultas não são crianças indefesas, como muitas vezes se tenta retratar. No caso da acusação de Anielle, não acredito que se trate de assédio, visto que o ministro não ocupava uma posição hierárquica superior à dela, e também não houve uso de força física.
Se a versão dela é verdadeira, por que Anielle não o confrontou diretamente?
Por que uma situação que era de conhecimento geral na Esplanada há mais de um ano foi levada diretamente à mídia, em vez de ser tratada internamente, com o devido espaço para que tanto a acusação quanto a defesa se manifestassem?
E, mais ainda, por que políticos brancos, acusados com provas de agressões e até estupros, são tratados com mais respeito, enquanto Silvio Almeida foi imediatamente exposto?
O que levou uma mulher negra a se voltar contra um antigo amigo e colega negro, ao ponto de destruí-lo como profissional, ser humano, pai, filho e marido, sem que ele tivesse a chance de se defender adequadamente?
Publicado originalmente no Facebook da autora
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