
A fumaça que cobre o Brasil nos últimos meses vem de queimadas que mais que dobraram em onze estados e no Distrito Federal em 2024, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com os dados, o número de focos de fogo nessas regiões aumentou significativamente entre 1º de janeiro e 10 de setembro, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Especialistas afirmam que a seca histórica que atinge o Brasil é um fator determinante para a alta dos incêndios. A estiagem prolongada deixou o solo e a vegetação extremamente secos, facilitando a propagação do fogo. No Sudeste, todos os estados registraram aumento nos focos de queimadas. Em São Paulo, o crescimento foi de 400%, com 6,3 mil focos de fogo este ano contra 1,2 mil no ano passado. O resultado é uma espessa camada de fumaça que cobre a região e afeta a qualidade do ar.
Além do desmatamento, a maior parte das queimadas está associada a atividades agropecuárias e ao uso do fogo em áreas já abertas. Na Amazônia, apenas 15% dos incêndios estão ligados diretamente ao desmatamento; o restante ocorre devido a práticas agrícolas e condições extremas de seca.
Fumaça se espalhando
A fumaça das queimadas também atingiu regiões que normalmente não enfrentam esse tipo de problema, como o Rio Grande do Sul, onde ocorreu a chamada “chuva preta”, resultado da fumaça acumulada na atmosfera.
Segundo especialistas, embora a presença de fumaça durante a temporada de queimadas, de julho a outubro, seja esperada, raramente ela atinge o Sul e o Sudeste com essa intensidade.
Para Mariana Napolitano, diretora do WWF-Brasil, a combinação de mudanças climáticas globais e degradação ambiental está tornando a vegetação nativa mais vulnerável ao fogo. “É preocupante porque impacta ecossistemas que não estão adaptados ao fogo, como a Amazônia, que não resiste a queimadas intensas”, afirma Napolitano.
Agropecuária
O uso do fogo é permitido no Brasil para fins agropecuários, mas requer autorização dos órgãos ambientais estaduais. No entanto, diante do cenário de seca severa, estados como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo suspenderam as autorizações para queimadas.
Mesmo com essas restrições, entretanto, a falta de fiscalização efetiva e a aplicação limitada de penalidades contribuem para o aumento de incêndios, muitos dos quais são criminosos ou resultado de negligência.
Luiz Aragão, pesquisador do Inpe, alerta para a necessidade de uma revisão na política de uso do fogo no Brasil. Ele afirma que o país enfrenta uma “crise do fogo”, agravada pelas condições climáticas extremas e pela falta de controle nas práticas agrícolas. “Estamos cercados pela fumaça e precisamos de um planejamento mais efetivo para lidar com isso”, disse o pesquisador.
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