
A detecção de focos de incêndio nas capitais brasileiras teve um aumento significativo de 41% na última semana, de acordo com um levantamento realizado pelo Globo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Durante a primeira semana de setembro, que marcou o agravamento da crise de queimadas no país, foram registrados 2,9 mil focos em capitais. Esse número subiu para 4,1 mil na semana seguinte. Em cidades metropolitanas com áreas verdes, como Rio de Janeiro e São Paulo, a situação se agravou com focos de incêndio em morros e áreas de mata que ameaçaram áreas urbanas.
Entre os dias 7 e 12 de setembro, São Paulo e Rio de Janeiro foram responsáveis por 26 focos de incêndio, em comparação aos nove focos detectados entre 1º e 6 de setembro, quase um terço do total. O aumento nos incêndios é particularmente acentuado nas capitais próximas às áreas de desmatamento, como Porto Velho e Cuiabá, que sozinhas registraram quase 6 mil focos de incêndio neste mês.
São Paulo
Em São Paulo, um incêndio iniciado perto de um posto de gasolina no bairro do Jaraguá, na Zona Norte, consumiu parte da vegetação da Serra da Cantareira, próxima à área urbana. No início do mês, um incêndio em Osasco atingiu 100 moradias na Comunidade Santa Rita, sem causar vítimas, conforme relatado pela Defesa Civil do Estado. Esta semana, novos focos de incêndio surgiram em outras áreas da Grande São Paulo.
Além do aumento dos incêndios, a Grande São Paulo enfrentou um recorde de poluição atmosférica, conforme registrado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), que monitora a qualidade do ar desde a década de 1990. Das 25 estações de monitoramento na região, 20 indicaram qualidade do ar ruim. A chuva prevista para os próximos dias deve ajudar a limpar parte da poluição.
No interior do estado, os efeitos das queimadas são evidentes. A Rodovia SP-225 foi interditada no quilômetro 223 em Pederneiras devido a um incêndio. Em Presidente Prudente, a fumaça causou o fechamento de vias, e um incêndio tem destruído a vegetação nativa desde a semana passada.
Em Amparo, próximo a Campinas, um incêndio que dura três dias ameaça residências em um bairro próximo a uma área de mata. As chamas também destruíram uma área do Inpe no Vale do Paraíba. De acordo com o Programa Queimadas do Inpe, os focos de incêndio mais prevalentes na manhã de ontem estavam nas regiões de Franca, Andradina, Ribeirão Preto, Bauru e São Carlos.

Rio de Janeiro
Já no Rio de Janeiro, o satélite NOAA-20, uma ferramenta moderna do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), detectou 21 incêndios durante todo o mês de setembro. No Distrito Federal, foram registrados 392 focos de incêndio, e em Goiânia, 89.
Até o final da tarde de ontem, quando um incêndio consumiu a vegetação atrás do Morro Dona Marta, na Zona Sul, os bombeiros foram chamados para conter 64 incêndios em várias partes do Rio neste mês. Entre os locais atingidos estavam o Morro dos Tabajaras, próximo a Copacabana e Botafogo, e a Pedra da Gávea, no Alto da Boa Vista.
Além das áreas de morro, um incêndio também devastou a vegetação em locais de acesso à Prainha e Grumari, no Recreio dos Bandeirantes, além de Vargem Grande, Irajá e Campo Grande. Em Realengo, os moradores tiveram que usar baldes para tentar apagar as chamas.
Em Niterói, o incêndio no Morro das Andorinhas, em Itaipu, tem preocupado os residentes da Região Oceânica desde a noite de quarta-feira, com as chamas se aproximando de algumas casas. Os bombeiros foram acionados novamente em Itaipu ontem. Na Baixada Fluminense, houve registros de incêndios em Nova Iguaçu, Caxias, Mesquita e Japeri.
O fogo também atingiu a Região Metropolitana do Rio após devastar áreas verdes ao redor. O Monumento Natural Estadual da Serra da Beleza, em Valença, a 110 km da capital, sofreu um incêndio de grandes proporções na quarta-feira. As chamas também afetaram a mata do Quilombo Santa Justina e Santa Izabel, em Mangaratiba, na Costa Verde.
Na quinta-feira, o estado do Rio de Janeiro alcançou um recorde de 460 focos de incêndio em 2024, o maior número registrado até agora no ano. Esse aumento levou o Corpo de Bombeiros a estabelecer um gabinete de crise. Desde o início do ano, o estado contabilizou mais de 16 mil incêndios em áreas de mata, o que representa um crescimento de mais de 90% em relação ao mesmo período do ano passado.