
Promotores federais afirmaram em um documento judicial divulgado nesta quarta-feira (2) que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “recorreu a crimes” após perder a eleição de 2020.
Segundo a acusação, o ex-presidente ignorou os conselhos de seu vice, Mike Pence, e de outros assessores.
O documento, apresentado pela equipe do procurador especial Jack Smith, foi divulgado após uma decisão da Suprema Corte que concedeu imunidade a ex-presidentes por atos oficiais realizados durante o mandato. No entanto, a equipe de Smith argumenta que os atos de Trump foram de caráter privado e, por isso, não se enquadraram na imunidade.
O objetivo do documento é convencer a juíza Tanya Chutkan de que as ofensas de Trump mencionadas na acusação foram atos privados, e não oficiais. Sendo assim, podem permanecer como parte da acusação à medida que o processo avance.

“Embora o réu fosse o presidente em exercício durante as conspirações mencionadas, seu esquema era fundamentalmente privado. Quando o réu perdeu a eleição presidencial de 2020, ele recorreu a crimes para tentar permanecer no cargo”, afirmou a equipe de Smith.
Entre os atos mencionados está a tentativa do republicano de persuadir o então vice-presidente Mike Pence a não certificar os resultados da eleição no dia 6 de janeiro de 2021.
Detalhes do documento revelaram conversas entre Trump e Pence, como um almoço em novembro de 2020, no qual Pence sugeriu que Trump não concedesse, mas reconhecesse “que o processo acabou”, de acordo com os promotores.
Dias depois, Pence insistiu para Trump aceitar os resultados da eleição e concorrer novamente em 2024. “Eu não sei, 2024 está tão distante”, disse o ex-presidente.
Apesar das recomendações, Trump optou por ignorar os conselhos de Pence e dos seus assessores, “da mesma forma que ignorou dezenas de decisões judiciais que rejeitaram unanimemente suas alegações legais e as de seus aliados, e que ignorou os funcionários nos estados-alvo —incluindo aqueles de seu próprio partido— que declararam publicamente que ele havia perdido e que suas alegações específicas de fraude eram falsas”, escreveram os promotores.